Mandarina
Aquele sábado com céu de brigadeiro remetia a um projeto único: praia, do nascer ao por-do-sol. Uma leve lembrança da noite anterior resgatou as planilhas e a teoria de como gastar menos dentro do prejuízo.
Custo disso, valor agregado daquilo. A cabeça cheia de zeros e uns contrastou com a vontade, a cada par de minutos, de pegar carona nas asas dos pássaros que voavam rasantes à porta daquele antro do saber. Talvez seguissem até o estuário, talvez apenas convidando para contemplar o dia, talvez…
O cheiro de tangerina inebriava os bosques da casa de Hipátia e levou-nos naquele singelo restô de fogão à lenha e comidas do mar. Brinde aos verdes mares bravios saboreando com a boca e os olhos os temperos e as conversas dos nossos sonhos (de) concretos.
A tarde já se espreguiçava e a prancha de fibra caiu na água gelada do inverno cearense. O sol se escondeu por trás dos prédios numa versão urbana da Pedra Furada em Jeri, menos bela, claro, mas sempre inebriante…
Olhou a lua iluminando a última onda com seus celestes raios e contemplou aquele momento com a minúcia de quem pinta com lentes…