O AUTÔMATO

Há quem recorde ainda hoje, da sua falta de paixão pela sua profissão, não que ele fosse um profissional medíocre, muito pelo contrário, era habilidoso e por demais atencioso para com seus pacientes.

Quando Dr. Paulo,chegara à aquela cidade, já era um homem maduro, mas uma bela estampa de homem. Solitário, logo se tornara o assunto da cidade. As matronas faziam de tudo para casá-lo. As moçoilas ricas casadouras, iam dar com burros n’água à sua porta, sempre com ”dores de cabeça” e “ desmaios súbitos,” e ele, contudo, atendia com desinteresse quase acintoso tantos às matronas quanto as jovens e belas raparigas.

Ele fazia o seu serviço como um autômato, quase não percebia o mundo a sua volta. Em mais de quarenta anos, se dedicando exclusivamente a ela, a medicina, sua única paixão. E hoje após tantos anos, ela já não mais fazia parte dele, que sem muito entusiasmo a tratava com certa indiferença nostálgica, aquela que na juventude fora, por assim dizer, a razão da sua vida.

NADIA VENTURA
Enviado por NADIA VENTURA em 30/06/2012
Reeditado em 13/07/2012
Código do texto: T3753083
Classificação de conteúdo: seguro