PINÓQUIO
-Ei filha linda do papai! Cadê o meu beijo e o meu abraço?
-Bença, pai!
-Deus a abençoe! Hum, que abraço gostoso! Estou morto de cansado! Vou tomar um banho bem quentinho.
-Quelo tomá cum você, papai.
-Vai pedir à sua mãe.
-De jeito nenhum, Flavinha. Você tomou banho e já está de pijama.
-Papai, mamãe dexô.
-Então, vem.
Minutos depois.
-O que é isso?! Não te falei que não era para tomar banho?
-Uai, Denise, ela disse que você deixou!
-Deixei, nada! Você falou mentira com seu pai e isto é muito feio! Agora, vai ficar de castigo no seu quarto, para aprender a nunca mais falar mentira.
No dia seguinte.
-Ânderson, como vamos explicar essa questão da mentira para uma menina de apenas três aninhos?
-Só se for com o filme do Pinóquio, meu bem. O que você acha de alugarmos a fita?
-Boa ideia. Traga-a quando voltar do serviço.
De noite.
-Está vendo, filhinha, o que acontece com quem fala mentira? Ontem, você falou mentira com seu pai.
-Mamãe, meu naliz tá queceno igual o do papai?
-Ainda não, mas vai crescer se você falar mais uma mentirinha.
No decorrer da fita, quando a baleia engoliu Gepeto, o pai de Pinóquio, a garotinha começou a chorar.
-Não chora. Isto é só uma historinha.
-Aqui em Belozonte tem baleia, mamãe?
-Não. Em Minas Gerais não tem mar.
-Ainda bem, poque ela ia comê o meu pai.