MELODIA DE VERÃO - Dueto com Ícaro sem Asas

(Dueto com Múcio Goes- Ícaro sem Asas - http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=14694)

O vento que corria naquele pedaço de areia trazia um aroma de confeitos de balas... Um certo jeito de quem queria ficar, se instalar por ali por todo o sempre...

De um lado ao outro era como se o tempo houvesse parado para contemplar os dedinhos minúsculos a organizar cada grão e ali, apenas o vento aromático tivesse o poder do desalinho sobre aquelas melenas, a cuja direção imanizavam todos os olhares.

As ondas iam e vinham, sem conseguir desfazer aquela cena... Com um jeito faceiro, movimentos ligeiros e suavidade sorrir, espraiava o pensamento preenchendo cada orifício de conchas... Caberiam guardar todos aqueles grãos assim?

Não, definitivamente não! Logo, logo tudo seria desfeito pela água... Melhor curtir o momento sem guardar nada, além da lembrança...

A imaginação já traçara os ângulos e graus. Convenceu-se da efemeridade dos tempos, das voltas, dos planos e sonhos. É realizar castelos para em seguida deixá-los ruir sob a força natural. Melhor correr, tentar ser mais rápida que o próprio vento, adiantar-se no tempo, coisa tão comum nos sonhos, e que agora se fazia urgente...

Como era iminente o desejo da gargalhada. Solta no ar, retumbava como melodia de verão. Afinal, era mesmo esta época em que gargalhar, abraçar, correr, dançar urgiam.

“Eu quero muito sol! Eu sou da luz, do céu, do azul! Banhem-me as águas que vêm e vão no refluxo do mar e lavem meus pés, pernas... Convidem-me ao mergulho do corpo, da alma!”

E saiu correndo pela areia, abraçando o vento ao rosto, cumprimentando as conchas naturalmente abandonadas na praia.

Era assim: A felicidade rondava-a havia vários dias, bastando-lhe um espelho para comprovar... Quem queria ficar, se instalar ali por todo o sempre, assim permaneceu.