Eu fui viver...
Sabe quando você acorda sentindo falta de alguém ou alguma coisa? Como um vazio dentro de si, quase assíduo? É como um sentimento sem fim e sem explicações. Hoje eu acordei assim, totalmente atônita. Como se nada fizesse sentido. Como se as coisas estivessem fora do lugar, e eu não queria e nem poderia organizá-las.
Coloquei qualquer roupar, me vesti de qualquer jeito. Nada parecia necessário, e então me olhei no espelho uma ultima vez… Quem? Essa sou eu? “Nossa, eu estou acabada e mais pálida que o normal. Melhor assim, passarei despercebida na multidão que me aguarda lá fora”, pensei. Não senti gosto de nada, cheiro de nada, vontade de… Nada. Eu desejava, em meus pensamentos, jogar-me em minha cama vazia e me afundar por lá. Não levantar nunca mais. Mas já era tarde pra isso, o dia estava prestes a tirar minha doce paciência.
Antes de sair de casa, eu havia tirado da estante um dos melhores livros, um best seller, com críticas fascinantes. Era isso, eu precisava disso. Mergulhar numa história desconhecida e penetrante. Era isso. Eu precisava de uma história oposta a minha pra esquecer a minha vida. Ao menos por um instante. E foi isso o que eu fiz, me joguei de cabeça naquelas verdades. Destino? Será? Eu nunca acreditei em destino, mas algo dentro de mim gritava que era a minha vez, que era a minha hora… Que eu precisava largar tudo e ir viver, não só existir… Eu digo VIVER, no sentido completo da palavra.
Eu sei, eu sei… Viver tem tantos significados e definições, mas… Eu preciso VIVER. Você entende? Aquilo não era eu, não era o que eu queira. Levantei-me daquela cadeira, abrindo todas as portas que encontrei pela frente. Saí correndo, totalmente desesperada e sufocada por ainda estar ali. Pude sentir alguns olhares se voltarem em minha direção, mas eu não me importava, eu só queria sair daquele lugar. Eu não poderia deixar minha vida passar daquela forma. Eu não me perdoaria por isso. Minha felicidade tinha nome e endereço, eu precisava me entregar pra ela… Eu precisava me arriscar. E foi isso o que eu fiz, eu fui VIVER.