LAMENTO SOLITÁRIO

Jurandir acordou naquela manhã com um aperto no coração. Arrumou-se e foi. Parou em frente ao prédio recém construído na região. Viu quando vários companheiros entraram nas dependências da nova fabrica e se sentiu sozinho, por resistir ao que considerava uma agressão. Nada contra o progresso, só não queria que as pequenas roças fossem sacrificadas e os antigos “donos” recrutados pelo progresso que em alguns anos envenenaria o riacho, assim como consumiu boa parte da natureza do local. Seu discurso foi pelo equilíbrio. Porém, viu sua fala ser calada pela forte propaganda que prometia tudo o que aquele povo humilde só sabia de ouvir falar. E aí, muitos venderam suas terrinhas e outros largaram suas plantações e naquela manhã entraram pelos portões do progresso. Jurandir olhou para o verde que ainda predominava e pediu perdão pelos próximos anos. Regou o chão com suas lágrimas e cantou uma melodia silenciosa de adeus: Desculpe Mãe Terra, por ser tão pequeno/ E não ter quem ouça minha voz/ Por isso ofereço-te minhas lágrimas/ E assim não me sinto tão só.