TRANSCENDÊNCIA
TRANSCENDÊNCIA
03/06/12
A generosidade Divina sempre se fez presente em minha vida. Como criatura às vezes eu não fui capaz de compreender o que me era ofertado. Aquilo que me fora dado como acréscimo era por mim entendido como se houvesse de mim subtraído o criador. Por vezes me senti privilegiado e de que, para mim, bastava querer. Do que valorizam na vida sempre os tive a um passo de onde estava, me basta o pequeno esforço, mas qualquer esforço, por mínimo que seja, depende da vontade e a vontade é livre, é nossa e só nossa, é de nosso arbítrio.
Até para as decisões que a princípio me pareciam difíceis, pois violariam valores e crenças por décadas desenvolvidas, as soluções se mostraram simples e naturais.
Hoje, mais tranqüilo e com a condição inata de observador, me foi possível entender que nosso contrato de vida pode ser escrito com menos de dez palavras. A vida é simples e te oferece tudo. No ANEXO A de nosso contrato temos a relação do que nos fará feliz, para lê-lo necessitamos usar os olhos da alma.
Mais uma vez se fez presente o combinado. Em um dos vários momentos pelos quais já passei e certamente passarei me é oferecida a oportunidade de uma rescisão contratual. Substituir o estreito caminho que escolhi para encontrar a felicidade por outro que me daria o reconhecimento. Mas este reconhecimento caso por ele optasse não seria de mim seria de outro que não mais eu.
O mais belo de todo este processo de quando pedimos a DEUS que nos mostre o caminho é a singeleza de Sua resposta.
Novamente me vi tentado a obter de maneira mais comum o sal para temperar a vida. Ele vinha em uma baixela ladeada pelos atributos que em mim viram na existência profissional, me sendo ofertado de forma não ostensiva, pois a ostensividade seria prontamente repelida e certamente em dose bem superior, o que tem me caracterizado e confundido os extremamente próximos, a proximidade reduz o ângulo de visão.
A oferta se apresenta na semana de mais um encontro fraterno. Fraternidade criada pela afinidade e que resumo copiando a frase de uma placa dada por uma irmã de caminhadas em outras vidas, e que fica na porta de entrada da casa que habito: “AMIGOS SÃO IRMÃOS QUE DEUS NOS PERMITIU ESCOLHER”.
E foi neste encontro que me veio a resposta construída devagar e a cada momento, desde a entrada na Van até a total compreensão do que me era sinalizado.
Recebo em meu carro a presença do irmão dos primeiros passos aquele que escolheu a companheira, por méritos, como razão de vida.
Entramos na Van e pergunto quais irmãos estariam presentes. Além de nós os “NEM”, o Faustinho que era um dos que mais queriam estar presente estava de plantão e não pode ir me responde o Tetê que te forma natural se tornou o ponto de encontro dos nossos encontros.
Ele, Faustinho, é o cara que nasceu para tirar a dor dos outros e provavelmente estava sendo lembrado, de forma singela, do que é a dor, neste caso a dor da ausência para a qual ainda não criaram anestésico.
O Steninho o mais britânico dos irmãos faz presente o “tio bolinha”.
Andamos alguns quilômetros e o último amor da vida de outro irmão, a quem sempre recusei a alcunha de ratão, ao fazer uma observação, é respondida com: o Eduardo sempre teve sorte.
Ao chegarmos a morada dos BAMBINOS observo a alegria de uma família que ao escolher a distância sempre esteve presente e próxima e que como uma verdadeira equipe ofertava com o coração a recepção dos irmãos de outros pais e mães.
O jovem de algumas décadas que criou o MAE como início de sua carreira solo, talvez como homenagem pelos vestidos que o mantinha cativo quando a vontade e os ensinamentos maternos deixavam de ser seguidos, que encontrou nas plumas da natureza o sal de sua existência.
Sinais claros e de tamanha evidencia que qual uma oração de fé me fez esquecer que tinha problemas e decisões, o ambiente proporcionava um escudo onde ocupações prévias não penetrariam.
Todos os momentos eram aprendizados e fios que teciam a teia da escolha do caminho pelo qual deveria prosseguir, mas um momento foi preponderante e marcante para me deixar de forma clara e inequívoca a placa da estrada a seguir, foi quando visitávamos os viveiros de aves que traziam múltiplas belezas. O Bambino na sua tremenda generosidade de distribuir além de todas as delicias para fartar nosso apetite e sede, distribui seus conhecimentos sobre as aves e relata o ritual de acasalamento do pavão dizendo em outras palavras:
“O pavão macho abre suas plumas caudais para atrair a fêmea e ao vê-la aproximar-se estremece, o que culmina com o princípio indiano do encontro com os deuses, o ato sexual.”
O que para mim ressoou claramente como não adianta na vida a ostentação o que precisamos e o que realmente vale é estremecer.
Geraldo Cerqueira