O PESCADOR E O RIO
O velho pescador passa lentamente uma das mãos no rio.
Nesta carícia silenciosa, pede um perdão doído por um tempo que se foi.
Ele permite banhar as águas correntes com suas lágrimas de tristeza, lamentando o calvário do amigo, que já foi fonte de vida e hoje jaz na escuridão.
O velho sente no peito a agonia de um coração que insiste em bater, apesar da ação contínua dos que não sentem a dor daquele momento silencioso entre os dois irmãos.
E num súbito momento, o pescador vê as águas mais uma vez se tornarem límpidas, com a alegria da vida em sua diversidade de peixes e plantas. Ele sorri, agradece e segue a jornada, para nunca mais.