CARTÃO POSTAL
Tal como as antigas gravuras de cartões postais, a casa, feita de tábuas de madeira serrada e justaposta, era pintada de branco com as portas e janelas azuis.
Pequenos quadrados de vidro na porta da frente e nas janelas deixavam ver as cortinas quadriculadas de azul e branco com renda nas pontas.
Sob a janela do quarto da frente que se abria para o jardim, a pequena jardineira com cravos vermelhos que eram embalados pela brisa da tarde.
Nos canteiros do jardim, as rosas de várias cores contrastavam com os lírios brancos e os girassóis amarelos de miolo marrom.
Entre o jardim e a calçada ajardinada da rua, uma cerca de madeira servia de suporte para a trepadeira de flores vermelho e branca.
Um senhor vestido com pulôver vermelho sobre a camisa branca, sentado na cadeira de balanço na varanda, observa com sorriso no rosto, por cima dos óculos de ler, uma senhora que tenta abrir o ferrolho do portão que teima em não se mexer.
Com agilidade imprópria para sua figura, o homem deixa sobre a mesinha o livro que estava lendo e com passos largos, curva-se sobre o portão abrindo a passagem, ao mesmo tempo em que segura o punho do carrinho de compras que a senhora de cabelos brancos e vestido azul marinho, arrastara até ali.
Abraçados os dois percorrem o pequeno passeio sinuoso que liga o portão à varanda e, sem olharem para trás, entram na casa.