Maria- mais uma na currutela?

Maria trabalhava em uma “currutela, um desses lugares perdidos no fim do mundo.

Moça bonita chegou lá ainda uma criança, trazida pelas mãos do pai em troca de um saco de farinha e feijão. Assim deixou sua bela Maria aos cuidados da tia da cidade sem nem ao menos olhar para trás, pois sabia que os outros filhos precisavam se alimentar também.

Aos oito anos a menina já fazia os afazeres de casa sem reclamar, sabia que de nada adiantaria. Percebia o vai-e-vem de homens nos quartos, mas não se importava com o que acontecia lá dentro. Sabia que tinha sempre comida quente e farta para ela (coisa que sua família não tinha) e sempre uma cama quente para dormir.

Aos poucos foi entendendo que aquele seria seu destino também, receber os homens no quarto (embora não entendesse o que acontecia ali dentro).

Só que apesar da pouca idade Maria tinha um diferencial, o olhar muito negro e penetrante deixava as pessoas por vezes sem graça ao olhar para aquela menina. Não importava se eram pessoas importantes ou simples, o olhar era o mesmo, de frente, como se com isso ela quisesse ler a alma das pessoas.

Maria cresce, vira moça e mais uma prostituta é “novidade’ naquela casa. Todos queriam a primeira noite daquela menina-moça (como se “ao” usar” seu corpo pudessem com isso corromper também sua alma, ledo engano daqueles homens). Sua primeira noite fora leiloado pelo mais alto preço daquela “currutela”, aquela menina deu mais dinheiro a proprietária que todas as mulheres ali juntas.

-Quanto desperdício, quanta imaturidade daquelas pessoas-

Maria torna-se famosa na região pelo olhar sério, pela satisfação que dava a seus parceiros (apenas um por noite).

O que ninguém sabia era que aquela menina sonhava com o homem da sua vida, ela não sabia quem ele era, nem de onde viria, mas ela sabia.

Tinha certeza, ele surgiria.

Não se importava se envelheceria um dia, pois a certeza que existia dentro dela, essa esperança ninguém roubaria dela.

Roubaram sua inocência, seu sorriso,

Mas seu amor e sua esperança,

Nunca...

E, nas noites de Lua Cheia a Lua lhe falava:

-ele está em algum lugar, tenha Fé!

E isso, Maria tinha de sobra.

Maria Aparecida A da Silva
Enviado por Maria Aparecida A da Silva em 26/05/2012
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