As crianças corriam pra lá e pra cá numa euforia danada.
Uma coisa era certa, todo mundo ia parar no portão da Dona Dorca, uma senhora crente e muito querida das crianças que gritavam seu nome desde lá da rua para comprar geladinho de Groselha Azul - "Dona Dorca! Tem geladinho azul aí?"
O Marquinho nem sempre pagava, mas Dona Dorca também não cobrava, afinal, ela sempre dizia que era baratinho baratinho enquanto a vizinha reclamava dizendo um velho ditado, que "é de grão em grão que a galinha enche o papo".
E todos ficavam por ali, sentados na calçada, e dos geladinhos coloridos saíam tantas histórias!
As meninas brincavam de pular elástico enquanto os meninos corriam sempre atrás de alguma bola que muitas vezes era improvisada.
Os sabores eram deliciosos e todas aquelas cores fascinantes, mas o geladinho azul, áh, esse não tinha igual. 
Mateus, em dias quentes, ora olhava para seu geladinho de groselha azul, ora para o céu e esses momentos ficaram eternizados em minha mente.
Não sei mais exatamente por onde anda o Mateus e todos aqueles amiguinhos da infância, mas tenho uma certeza, que vem de dentro do meu coração, que todos se lembram de alguma forma daquele azul, gelado em dias quentes,  azul febril das noites frias, um azul de infância.

 
Luciano Alex
Enviado por Luciano Alex em 24/05/2012
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