Passeio

Eu adoro caminhar pela cidade. É realmente ótimo ver tanta gente desconhecida e tanta figura engraçada. E, além do mais, é algo pra se fazer nos sábados contra o tédio.

Foi assim que levei adiante meu último sábado: Passeando pelas ruas da maldita Salvador e encontrando as figuras que só são encontradas na Bahia.

Saí andando. Pois, como diz meu amigo, vizinho, chato e inimigo, Moacir Parrudo, "é melhor andar que pegar buzú".

A primeira figura que encontrei se chamava Ritinha...Rita Cruz Neves, segundo constava na carteira de identidade, que ela fez questão de me mostrar. Pode-se dizer que ela estava até simpática naquela foto de mil novecentos e alguma coisa, mas a atual é mais feia que testada de

motocicleta num poste. Puxei conversa e ela logo se alegrou. Não deve ter muito com quem conversar, ainda mais um cara bonito que nem eu. Ah, esqueci de dizer: Eu estava operado de fimose nesse dia e andava meio capenga.

Ritinha me contou toda sua vida... Seus pais se separaram e ficou a briga pela dúvida de quem iria ficar com ela. Nesse caso, os dois não queriam ficar. Então, casa de mãe, casa de pai, casa de mãe, casa de vó, casa de pai, casa da dinda... rua.

Mas, resumindo: Sua mãe foi assassinada, seu pai sumiu, sua avó morreu e sua madrinha mandou ela pra pqp. Assim, Ritinha estava na rua há mais de 2 anos.

Gente boa a Ritinha, dei R$ 5,00 pra ela comprar uns pães. Não sei porque, mas acho que esses R$ 5,00 vão ser utilizados num boteco, numa pinga bem "surrapa". Gostei dela.

Mais na frente, parei pra tomar uma água de coco e conheci Benjamim. Não vi a carteira de identidade, por isso não sei o sobrenome. Há mais de vinte anos vende côco nas ruas de Salvador, 8 anos só ali naquele ponto em que eu estava. Muito incrível! Como uma pessoa pode ficar 8 anos no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa? Eu não consigo ficar num só emprego nem 6 meses. Ô coquinho ruim, quente e sem doce! Não gostei do Benjamim!

Um carinha caiu da bicicleta e quase foi atropelado. Depois, saiu rindo que nem idiota e xingando o motorista. Tem acidente que deveria acontecer. As estatísticas de acidentes seriam favorecidas, mas era um "Mané" a menos no mundo. Maldito carro que desviou! Esse maldito da bicicleta eu não conheci, não vi identidade, nem PN, mas também não queria. Queria mesmo era que acontecesse algo, pra eu ser testemunha e enrolar a polícia com meu falso testemunho.

Fui numa praia das bem movimentadas. De uma coisa eu não pude me queixar: Da falta de bunda. Salvador deveria ser homenageada com uma enorme nádega, pra ser colocada na Pç. Luís Eduardo Magalhães. Certamente seria famosa que nem o Cristo Redentor.

Claro que eu não podia me concentrar nas bundas, por causa da fimose.

Então fui numa barraca, comer acarajé e tomar cerveja, que é o que eu sei fazer bem.

Conheci Mãe Dudu, baiana do acarajé, mais desbocada que Derci Gonçalves. Cultura útil eu não adquiri nenhuma nesse dia, mas aprendi uns quinze palavrões novos. Ela xingou um barraqueiro de cada nome que merecia um programa de televisão, tipo o do Ratinho. O acarajé dela não é lá essas coisas, mas farei um esforço pra só comer lá. Enriquecimento de vocabulário Chulo.

Jesus Lancelote
Enviado por Jesus Lancelote em 03/02/2007
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