A CACHOEIRA

- Querido, vamos lá em casa um pouquinho? Papai está sozinho.

- Está bom, mas não vou me demorar.

- Boa noite, meu rapaz. Sente-se um pouco.

- Amor, vou aqui e já volto. É rapidinho.

A moça subiu quatro degraus, entrou no banheiro, deixou a porta aberta, como de costume, e chóóóóóóóóóóóóóóó...

Enquanto isso, na sala, seu pai ficou azul, vermelho, amarelo e roxo de raiva. O namorado também ficou de todas as cores, mas de vergonha.

Daí a pouco.

- Ei amor, não te falei que era vapt, vupt?

Assim que viu a filha, o chefe da família levantou-se e, com o dedo em riste, esbravejou:

- Sua porca! Indecente! É essa a educação que te dei?

- Meu Deus! O que foi que eu fiz, papai?!

- Imunda! Não podia, pelo menos, fechar a porta do banheiro?

- Isso não tem nada a ver.

- Você ainda vai me matar com esta mania. Isso é coisa que se faça?

- Mas, papai...

- E ainda na presença do namorado?

- Meu bem, você acha que fiz alguma coisa demais? Pode falar.

O jovem, vendo que o clima ficou pesado e que ia sobrar para ele, deu logo um jeito de ir embora.

- Seu Euzébio, o papo está muito agradável, mas já vou indo.

- Fica mais um pouco, meu rapaz. Nem conversamos direito.

- Não, obrigado. Amanhã pego cedo no serviço. Boa noite.

No meio da escada, ele escutou uma gritaria:

- Ai, papai! Está doendo! Ai! Ai! Ai!

- Isto é para você nunca mais me passar vergonha!

- Eu prometo que não faço mais! Eu juro, mas larga a minha orelha.

Assustado, o jovem pensou:

- Nossa! Meu futuro sogrinho é bravo! Ele está muito certo. Nunca vi um troço desses na minha vida. Parecia uma cachoeira.