O casamento
Vando
Naquele dia a cidade estava em festa. Na pequena praça tinha um parque de diversão, ao lado na rua do cu tapado tinha um circo, cuja cobertura estava toda furada. As crianças felizes acompanhavam o palhaço nos becos e pequenas ruas, este dizia “Hoje tem espetáculo” a meninada respondia “tem sim senhor”. Depois todos eram assinalados com uma tinta vermelha nos braços, era o passe para assistir o espetáculo de graça. As doceiras preparavam, bolos, pirulitos, beijus para serem vendidos a noite. Algumas mulheres faziam cabacinha, pois era uma das brincadeiras dos jovens jogar uns nos outros para se molharem.
Entretanto, todas as atenções neste dia estavam voltadas para o casamento Maria das virgens, filha de Jovino, fazendeiro da região muito querida na cidade e Juvêncio Donzelo. Na casa do pai da noiva a festa rolava, tinha bebida e comida a vontade, mataram um boi, dois carneiros e dezenas galinhas. A noiva nervosa estava no quarto com várias amigas fazendo os últimos preparativos e ajuste no vestido. Uma amiga já casada, disse “filha você vai vê como é gostoso” Maria perguntou “o que é gostoso” ela respondeu “deixe prá lá” O noivo começou a se arrumar, também estava ansioso para o casamento, não estava bebendo, pois a noite tinha muito que fazer.
Enquanto isso na varanda da casa de Jovino já tinham vários convidados, que sentados bebiam, comiam e conversavam. Mas, já era quase dezesseis horas e nada do padre chegar. Aos poucos os noivos que já estavam arrumados iam ficando impacientes. Por outro lado, tinham vários convidados que já estavam bêbados e começaram a discutir e brigar uns com outros e o tumultuo se generalizou foi tapa prá todo lado. A noiva coitada quando ouviu o barulho da briga, desmaiou, foi preciso dá muita água açucarada para recuperar A policia sob o comando do cabo Luiz Soldado, chegou e baixou o cacete nos briguentos que com as caras ensangüentadas, foram levados presos e algemados para a delegacia.
No entanto, o padre não chegava a angustia da espera aumentava. Já eram cinco horas da tarde quando as duas famílias resolveram levar os nubentes para a igreja, a fim de esperar o padre lá na casa de Deus.
E saíram pelas ruas das cidades e uma multidão acompanhando os noivos. A igreja era pequena e não cabiam todos, dentro um calor insuportável.
De repente, um coroinha chegou gritando, o padre já chegou, e está na casa do Zé Sacristão jantando e vem já. As religiosas e os convidados do casamento ficaram aliviados. Contudo, padre continuava demorando, teve início um zum zum , os presentes começavam a ficar impacientes novamente.
Às dezenove horas o padre surgiu no altar, e todos ficaram em silêncio para o inicio da celebração. Lá no funda da igreja apareceu Zé Bina totalmente embriagado e falou “Até que enfim esse veado chegou” O padre lá do altar, respondeu “tá excomungado bêbado safado”.