PORCO DA ÍNDIA
Numa cidade do Espírito Santo, uma professora de Português deu um texto do escritor Manoel Bandeira, cujo título é Porquinho da Índia, para sua turma, que começa assim: “quando eu tinha seis anos, ganhei um porquinho da Índia. Que dor de coração me dava, porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão...”
Depois de o lerem, ela pediu-lhes que fizessem uma poesia de um animalzinho.
-Professora, eu posso escrever sobre a minha cachorra, que fica na nossa casa de praia em Piúma?
-Pode, sim.
-E eu vou escrever as travessuras do gatinho, que o meu tio me deu no dia do meu aniversário, está bom?
-Tudo bem.
-Dona Piedade, eu nunca tive um bicho de verdade, na minha vida.
-Bem... Quem nunca teve um animal de estimação, escreva sobre um presente que ganhou de alguém, combinado?
Em casa, ao corrigir os trabalhos dos seus alunos, a mestra deparou-se com este texto:
-Quando eu tinha dez anos, ganhei um celular. Que dor de coração me dava, porque ele só vivia sem crédito...”