FUGAS

O ruído faz com que Vera mude o rumo dos pensamentos. Ela pega o celular, olha o visor e morde os lábios. No banco do carona a figura inocente do filho Lucas, que sorri num silencio seguro. Há tempos ela morria por não ser a aparência, já que não era a esposa fiel que todos pensavam e não era também a mãe exemplar tida por todos, como referencia. Agora mesmo corria para deixar o filho com qualquer um e encontrar-se com Tubino, seu amante.

Só que a situação agora a incomodava. O beijo dedicado do marido, Vitor, torturava sua consciência e o olhar do filho gerava uma culpa que não sabia explicar. Por que? Bastava continuar o teatro, ninguém a questionava. Mas e o coração? Ouve o ruído mais uma vez. Não atende. Arranca com o carro. Em minutos chega ao apartamento da mãe. Chama o porteiro e pede que ele leve o filho até lá. Beija o rosto da criança e arranca mais uma vez. Para numa praça e sente o ódio pela vida mostrar sua face em dor e tristeza. Já não quer mais viver a mentira. Não sabe como encarar a verdade Lentamente abre porta-luvas e pega uma pistola. Aponta para a cabeça e... Foge mais uma vez da vida.