ALGUÉM NUMA NOITE FRIA

Era uma noite fria. Os pingos da chuva molhavam a vidraça da porta. Wallace, procurava se proteger com um casaco, mais um cobertor. O chocolate quente "aguardava" na mesa em frente da poltrona. Ligou a televisão e se aconchegou. Esticou as pernas e pensou no dia de trabalho que mais uma vez, vencera. Agora só queria descansar e curtir aquela noite. Sentiu o calor da bebida quente e... "Plá - plá - plá -plá..."; assustado olhou para o lado do portão... "Não podia ser... Alguém batendo palmas... Não... Aquela hora... nesta chuva... Não....".

O som se repetiu: "Plá-plá-plá-plá".... "Não é possível...". "Não vou atender"... "Vou ficar aqui em silencio, até que este... Este... vá embora".

O som se repetiu.... "Plá-plá-plá-plá"... Wallace xingou um palavrão e gritou: "Quem é?"... Não houve resposta. Levantou-se... Pegou a capa de chuva... Foi até o portão... Sentindo uma vontade imensa de escorraçar quem estivesse alí incomodando seu descanso, abriu o portão e encontrou uma mulher... roupas molhadas, rosto magro e uma criança no colo: "Moço, desculpa... é que estou a procura de uma pessoa conhecida minha, mas acho que errei o endereço, e como a chuva "apertou" e eu não tenho como me abrigar". Wallace ouviu em silencio. Havia uma duvida: O que fazer? E se fosse uma ladra? O incômodo provocava seu silencio...

"Vem, entra aqui" disse surpreso consigo. Trouxe toalhas e algumas roupas. Serviu chocolate quente e esperou. Cerca de uma hora depois a chuva passou. A Mulher levantou-se e decidiu continuar a procura. Wallace acompanhou-a até o portão, se despediu e voltou para a sua vida. Na rua, um ser alado se desfez do que parecia um disfarce. Olhou para o lado e disse ao acompanhante: "Não te disse que ele nos receberia!?".

É, quantos já bateram nas nossas portas?