CONTO – Nobre, uma lição de vida – Parte XXI
CONTO – Nobre, uma lição de vida – Parte XXI – 15.05.2012.
No começo da conversa de hoje, a fim de alegrar um pouco o ambiente, tentando esquecer um pouco desse verdadeiro mar de lama que envolve o país, pior do que nos tempos de Getúlio, do Collor e do Lula, resolvi abrir um parêntesis para fazer uma breve entrevista com esse personagem sincero, lindo e aberto, que muito deu para o bem de seu país:
Pirilampo: - Nobre, fale-me de uma coisa, mas com a sinceridade de sempre, você ganhando tão bem, trabalhando em várias cidades por este Brasil afora, não arranjou uma namorada sequer?
Nobre: - Sabe, meu amigo, eu não tinha tempo nem pra comer, rsrs. A trabalheira era enorme, pois eu só pegava agências altamente problemáticas, quer quanto aos resultados financeiros, seja quando ao funcionalismo, pois muita gente se considerava funcionário público, pois somente poderia ser posto pra fora se roubasse. Mas quero deixar bem patente aqui que nada tenho contra funcionários do governo que trabalhem e sejam honestos para consigo e a nação. Não nego, porém, que as garotas formosas e praticamente inocentes no lidar com homens, filhas dos fazendeiros, nos olhavam com bons olhos, aquele flertezinho sadio, todavia nada que pudesse comprometer a nossa boa qualidade de homem de bem e respeitador ao extremo. Uma vez recebi um recadinho de uma belíssima princesa, mas fiz de conta de que nada sabia. Além de tudo eu era casado.
Pirilampo: - Outra coisa, você só sabia manejar com futebol, não havia outra diversão, outras opções?
Nobre: - Não, de maneira alguma, jogava dominó, futebol de salão, ia à AABB, quando tinha. Aprendi a pescar de vara nos açudes dos clientes. Por falar nisso, os convites eram tantos que não se dava vencimento, pois a visita de um gerente do BB numa fazenda era motivo de orgulho para os seus proprietários e a vizinhança. Nós preferíamos ter a autorização deles, porém o dia da ida não se lhes avisava, a fim de evitar que fizessem festa, por exemplo, sacrificasse um animal e fizesse um belo almoço para a trupe do banco. Nós íamos, geralmente, depois das 16.00 horas, logo que o expediente encerrava, levávamos fogão a querosene, verduras, panelas, talheres, farinha e o mais importante, que era a caninha para umas e outras. O peixe era cozido na beira do açude e lá mesmo devorado pela nossa tribo.
Pirilampo: - Quais foram as cidades onde mais se destacou na atividade de pescador?
Nobre: - Comecei em Limoeiro, eu nunca havia nem sonhado em pescar, mas o pessoal me emprestou vara, linha, anzol e até a isca eles me davam para pescar. Fui incentivado pelo Lula Pé de Pato, o Inglês, o Miguel e o Bira. Quero dizer que em matéria de pescaria eu era absolutamente donzelo. Mas não é que os peixes só vinham pra minha vara! Que coisa interessante, cara! Deus protege sempre os mais fracos, não é verdade? Depois de Limoeiro vem Catolé do Rocha, que tinha uma fartura de traíra e de tilápia em seus açudes...
Pirilampo: - Sim é verdade, mas vocês usavam também redes nessas pescarias?
Nobre: - Algumas vezes se levara uma rede de pequeno porte, mas só era utilizada quando a pescaria com anzol estava fraca, não dava nada. Nesse caso a rede, que era comanada pelo Zuzu, resolvia o nosso tira-gosto. Um detalhe, porém, é que não explorávamos, mas levávamos apenas alguns peixinhos para comer em casa e até mesmo para provar às mulheres que de fato tínhamos ido pescar, rsrsrsr.
Pirilampo: - Muito bem, gostei dessa de não abusar da confiança dos proprietários das terras, porquanto não seria justo levar tantos peixes pra casa. Mas uma coisa você tem de me contar, ou seja, algo de jocoso numa dessas pescarias, pode falar?
Nobre: - Foi no açude de Dona Santa, em Surubim, que pertencia á jurisdição da agência de Limoeiro, isso lá pelos anos sessenta e cinco. Um de nossos companheiros, o Henrique, que Deus o tenha, era contínuo, por sinal muito experiente, tinha uma pequena gleba de terra na região. Certa vez, ao chegarmos à porteira duma fazenda, logo de cara veio o capataz nos atender. “Tudo certo, já estou avisado de que vocês viriam”. – Mas que garrota linda é essa aí seu Onofre, perguntara o Henrique ao empregado? -- É filha de um grande touro da raça Gir, que é a que predomina aqui na fazenda “dotô Hanrique”, respondera. – Meus parabéns, retrucara o colega. Terminada a pescaria, e já de volta pra casa, mas ainda na porteira, o filho do capataz mandou que parássemos o carro, a fim de falar alguma coisa. “Seu Hanrique, o papai já mandou levar a garrotinha pro seu sítio; não custa nada, nós agradecemos a visita de todos vocês”. – Precisava disso não senhor, dissera o Henrique, mas por dentro estava vibrando de satisfação. Eu nunca tinha visto alguém pedir algo com tanta sabedoria!
Pirilampo: - Pois está muito certo, senhor Nobre, muito grato, por agora é somente isso, mas pode esperar que voltaremos a conversar sobre esses assuntos, vamos tomar um cafezinho...
Em construção/revisãoPirilampo: - Nobre, fale-me de uma coisa, mas com a sinceridade de sempre, você ganhando tão bem, trabalhando em várias cidades por este Brasil afora, não arranjou uma namorada sequer?
Nobre: - Sabe, meu amigo, eu não tinha tempo nem pra comer, rsrs. A trabalheira era enorme, pois eu só pegava agências altamente problemáticas, quer quanto aos resultados financeiros, seja quando ao funcionalismo, pois muita gente se considerava funcionário público, pois somente poderia ser posto pra fora se roubasse. Mas quero deixar bem patente aqui que nada tenho contra funcionários do governo que trabalhem e sejam honestos para consigo e a nação. Não nego, porém, que as garotas formosas e praticamente inocentes no lidar com homens, filhas dos fazendeiros, nos olhavam com bons olhos, aquele flertezinho sadio, todavia nada que pudesse comprometer a nossa boa qualidade de homem de bem e respeitador ao extremo. Uma vez recebi um recadinho de uma belíssima princesa, mas fiz de conta de que nada sabia. Além de tudo eu era casado.
Pirilampo: - Outra coisa, você só sabia manejar com futebol, não havia outra diversão, outras opções?
Nobre: - Não, de maneira alguma, jogava dominó, futebol de salão, ia à AABB, quando tinha. Aprendi a pescar de vara nos açudes dos clientes. Por falar nisso, os convites eram tantos que não se dava vencimento, pois a visita de um gerente do BB numa fazenda era motivo de orgulho para os seus proprietários e a vizinhança. Nós preferíamos ter a autorização deles, porém o dia da ida não se lhes avisava, a fim de evitar que fizessem festa, por exemplo, sacrificasse um animal e fizesse um belo almoço para a trupe do banco. Nós íamos, geralmente, depois das 16.00 horas, logo que o expediente encerrava, levávamos fogão a querosene, verduras, panelas, talheres, farinha e o mais importante, que era a caninha para umas e outras. O peixe era cozido na beira do açude e lá mesmo devorado pela nossa tribo.
Pirilampo: - Quais foram as cidades onde mais se destacou na atividade de pescador?
Nobre: - Comecei em Limoeiro, eu nunca havia nem sonhado em pescar, mas o pessoal me emprestou vara, linha, anzol e até a isca eles me davam para pescar. Fui incentivado pelo Lula Pé de Pato, o Inglês, o Miguel e o Bira. Quero dizer que em matéria de pescaria eu era absolutamente donzelo. Mas não é que os peixes só vinham pra minha vara! Que coisa interessante, cara! Deus protege sempre os mais fracos, não é verdade? Depois de Limoeiro vem Catolé do Rocha, que tinha uma fartura de traíra e de tilápia em seus açudes...
Pirilampo: - Sim é verdade, mas vocês usavam também redes nessas pescarias?
Nobre: - Algumas vezes se levara uma rede de pequeno porte, mas só era utilizada quando a pescaria com anzol estava fraca, não dava nada. Nesse caso a rede, que era comanada pelo Zuzu, resolvia o nosso tira-gosto. Um detalhe, porém, é que não explorávamos, mas levávamos apenas alguns peixinhos para comer em casa e até mesmo para provar às mulheres que de fato tínhamos ido pescar, rsrsrsr.
Pirilampo: - Muito bem, gostei dessa de não abusar da confiança dos proprietários das terras, porquanto não seria justo levar tantos peixes pra casa. Mas uma coisa você tem de me contar, ou seja, algo de jocoso numa dessas pescarias, pode falar?
Nobre: - Foi no açude de Dona Santa, em Surubim, que pertencia á jurisdição da agência de Limoeiro, isso lá pelos anos sessenta e cinco. Um de nossos companheiros, o Henrique, que Deus o tenha, era contínuo, por sinal muito experiente, tinha uma pequena gleba de terra na região. Certa vez, ao chegarmos à porteira duma fazenda, logo de cara veio o capataz nos atender. “Tudo certo, já estou avisado de que vocês viriam”. – Mas que garrota linda é essa aí seu Onofre, perguntara o Henrique ao empregado? -- É filha de um grande touro da raça Gir, que é a que predomina aqui na fazenda “dotô Hanrique”, respondera. – Meus parabéns, retrucara o colega. Terminada a pescaria, e já de volta pra casa, mas ainda na porteira, o filho do capataz mandou que parássemos o carro, a fim de falar alguma coisa. “Seu Hanrique, o papai já mandou levar a garrotinha pro seu sítio; não custa nada, nós agradecemos a visita de todos vocês”. – Precisava disso não senhor, dissera o Henrique, mas por dentro estava vibrando de satisfação. Eu nunca tinha visto alguém pedir algo com tanta sabedoria!
Pirilampo: - Pois está muito certo, senhor Nobre, muito grato, por agora é somente isso, mas pode esperar que voltaremos a conversar sobre esses assuntos, vamos tomar um cafezinho...
Ansilgus