A ponte
O caminho para a praia era lindo. Cento e cinqüenta metros contendo uma miscelânea de natureza e civilização.
Em meio a uma exuberante Mata Atlântica quase virgem, casas e construções surgiam meio tímidas.
A rua era de terra batida, margeada por canteiros naturais multicoloridos das mais variadas espécies de flores nativas e as copas das Quaresmeiras, Chapéis-de-Sol e Manacás mantinham o sol à distância. Logo adiante, um pequeno córrego de águas cristalinas podia ser visto cruzando a rua. Samambaias enormes e exóticas pareciam conduzir sutilmente o seu curso mata adentro.
Uma pequena ponte de madeira, toda cheia de musgos, tornava possível a passagem sem se molhar os pés. O som da água, deslizando sobre as pedras verdes de lodo, amalgamava-se à sinfonia dos pássaros, proporcionando aos que ali passavam uma sensação paradisíaca.
Quisera eu, depois de todos esses anos, voltar à velha ponte. Brincar de barquinho em suas águas, pescar seus peixinhos, com meus irmãos e primos; ouvir novamente a voz de mamãe me chamando pra comer ou tomar banho.
Ah, quisera eu...mas cá estou, velho e sozinho.
Trecho do livro "Cárcere Privativo ", de minha autoria.