Ângela

‘Conto para  apenas uma lágrima”
 
23 de março de 2004
 
Prostrou-se  aos pés daquele homem  que para sempre Significaria muito em minha vida.
Foi tão rápida ao chão enquanto  mais um cobertor era colocado para aquecer aquelas mãos gélidas.  Ângela ajoelhou-se, pegou nas mãos quietas daquele que um dia tratou a vida com certa indiferença, com certa antipatia, honestidade em demasia, mas, tratou a vida e dos seus demais, que eram tantos e traumas. Angela fitou aquele rosto já tão cansado junto a uma única lágrima, segurou firme em suas mãos, perguntou se  estava com muito frio. Não obteve resposta, apenas aquele mesmo olhar que há dias acabava com nossos corações.
Ângela  se revestiu de amor. Naqueles minutos passou o filme da sua  vida, sem cortes, mas, com feridas que marcaram. Lembrou de todos os caminhos escuros, de todas as mudanças, suas idas e vindas seus tapas e holocaustos, lembrou dos campos não floridos, das paredes de espinhos.  Recordou seus filhos, recordou suas ausências, recordou a falta do que dar a eles, recordou quantas vezes as palavras se tornaram em socos, quantas vezes a água jogada em seu rosto apagou aquelas belas lágrimas, POIS LÁGRIMAS DE MÃE SÃO COMO PÉROLAS. Mas, Ângela se revestiu de amor.
Naquela sala tão fria, naquele momento tão singular, Ângela com olhos de amor faz uma simples pergunta:
_ Por favor, Se  você tem mágoa de algo que lhe fiz, você pode me perdoar?
Ele balançou a cabeça tão lentamente quase com os olhos cerrados.
Angela ainda lhe disse:
- Quero que saibas que eu também lhe perdoo  e jamais terei mágoa sua...
Talvez neste momento aquela lágrima que tanto custara pra sair, foi o fim para todas as dores desta vida.
Desta vez Ângela apertou ainda mais sua mão e lhe perguntou:
Você está em paz?  Você está de bem com Deus? 
Ele balançou apenas uma vez a cabeça.  
Ângela chorou e lhe disse:
- Quero que saibas que sempre te amei
E sempre vou te amar.
Então teve tempo de ver seu último olhar
Talvez não de amor
Mas de um Adeus
Teve tempo de ver seu último respirar
Teve literalmente toda a vida daquele homem em seus braços.
como talvez nunca conseguira nos poucos melhores momentos de sua vida
ANGELA  , um choro contido
Sentido... até hoje em mim,
ÂNGELA, um nome
que renova este amor
todos os dias
Em  meu coração
Por esta mulher
Que a chamo de amor!
Que a chamo de anjo!
Você minha mãe!
“Ângela”.

Darío Junior
Enviado por Darío Junior em 26/04/2012
Reeditado em 06/05/2012
Código do texto: T3633717
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.