Entrega em Domicílio
Era difícil passar por aquele trânsito horrível que se formara naquele fim de tarde, mas com algum esforço Lucas conseguiu chegar à pizzaria onde trabalhava. Logo de chegada se deparou com a figura gorda do patrão a lhe esperar na porta do estabelecimento.
- Você demorou – Falou secamente o patrão demonstrando não ter acordado de bom humor naquele dia.
- Desculpe, o trânsito estava péssimo.
- Trânsito! Será essa sempre a mesma desculpa dos preguiçosos?
Sr. Michelangelo (esse era o nome do chefe de Lucas) virou-se e foi indo em direção à porta que dava para seu escritório, mas não entrou antes de se virar para Lucas e dizer:
- O que está esperando? Você tem outras entregas a fazer.
- Ah! Sim, claro. Com licença.
E Lucas foi receber a próxima entrega que devia fazer.
Já na cozinha, onde deveria esperar a pizza que deveria entregar ficar pronta, Lucas foi falar com seu amigo Augusto que também trabalhava na pizzaria.
- O que aconteceu? – Perguntou Augusto levantando os olhos rapidamente para Lucas enquanto fazia uma anotação.
- Aquele velho do Sr. Michelangelo me deu outra bronca só por que cheguei um pouquinho mais tarde.
- Você deveria tomar mais cuidado, lembre-se que você pode perder esse emprego.
- Eu sei, mas esse negócio de fazer o máximo de entregas no dia e o mais rápido possível é muito chato, além do fato que ele me mandou fazer uma entrega às pressas em plena luz do dia. Já não basta o que eu passo à noite?
- É isso que acontece quando se é o único entregador do lugar – Em seguida Augusto dá o pedaço de papel em que estava escrevendo para Lucas – Aqui está o endereço para a próxima entrega, a pizza já está pronta. Boa sorte!
- Obrigado. Vou realmente precisar diante do passei hoje fazendo a última entrega – Falou Lucas pegando o endereço e indo pegar a pizza.
- Do que você está falando?
- Deixa pra lá, Augusto. Depois eu te conto. Até mais.
Lá fora, Lucas coloca a pizza no suporte da moto antes de dá uma boa olhada no endereço.
- Então vamos lá.
E sai para fazer o seu trabalho. Ele era o único entregador de pizza da pizzaria “O Michelangelo”. Conseguiu esse emprego graças à ajudinha de seu amigo Augusto que trabalhava lá já há dois anos e por ser ótimo na cozinha conseguiu convencer o Sr. Michelangelo, o dono, de empregá-lo.
O que Lucas menos gostava nesse emprego, além do patrão que era rude e severo, era passar pelas situações mais embaraçosas quando ia fazer as entregas, e isso ia além de furar o pneu no meio do caminho. Hoje, por exemplo, ele teve que fazer uma entrega no meio da tarde para “salvar” uma festa de aniversário. Tudo por que certo homem foi dar uma festa de aniversário para o filho, mas acabou estragando o bolo “acidentalmente” na sogra que estava a importuná-lo reclamando da péssima qualidade da festa.
Com o bolo estragado e com o orgulho ferido, o pai do aniversariante resolveu inovar: Ao invés de bolo, pediu uma pizza. Para ele, essa era uma ótima maneira de mostrar para certas pessoas que ele era um homem de novidades e boas idéias para festas.
Claro que não é da conta de Lucas se alguém quiser trocar um bolo de aniversário por uma pizza. Contando que os convidados saibam disso.
O fato é que, quando Lucas chegou todos pensaram que foi engano. Ninguém sabia que o pai do aniversariante tinha pedido uma pizza no lugar do bolo, de modo que começaram a acusar o coitado Lucas pela suposta troca.
O caso só ficou resolvido depois que o homem que pediu a pizza saiu de onde estava (do banheiro) e esclareceu tudo.
E esse era o motivo da demora de Lucas naquela tarde, para o desagrado do chefe que temia um acúmulo de entregas a serem feitas na pizzaria enquanto Lucas não chegasse.
E era também nesse estranho caso da pizza pelo bolo que Lucas pensava enquanto dirigia pelas ruas já iluminadas pela luz do sol poente.
“Gente mais doida aquela.” Pensava Lucas entrando na rua do endereço e vasculhando casa por casa com os olhos em busca do número correto. “Espero nunca mais passar por um vexame como aquele. Ainda bem que tudo se resolveu. Se o Sr. Michelangelo pelo menos desconfiasse que eu fiz uma entrega errada, mesmo não sendo verdade, eu estaria ferrado.”
Ele ainda boiava no mar de pensamentos quando finalmente identificou o número da casa descrito no papel, mas não foi logo em sua direção. Na casa onde deveria entregar a pizza, Lucas podia perceber mesmo ao longe, certa movimentação que não se verificava nas outras casas.
Pessoas saiam e entravam numa agitação que mostrava que aquele lugar não estava passando por um dia normal.
“O que será que está acontecendo ali?” Lucas se perguntava. “Será que errei o endereço?” Ele confere o papel que Augusto lhe entregou: Era ali mesmo.
Por duvidar se estava enganado ou não, ele encosta a moto na calçada de uma casa, e passa a aguardar alguém a quem possa perguntar o que estava acontecendo.
Não demora muito até ele avistar um garoto saindo da casa e indo a sua direção. Ele ia entrar na casa a qual pertencia a calçada onde estava encostada a moto, até que Lucas o chamou.
- Ei, menino!
- O... o... quê... que... fo.. foi... mo... moço
“Essa não, o moleque é gago.” Lamentava Lucas em seus pensamentos.
- Você poderia me informar o que estar acontecendo ali? – E aponta para a casa de onde o garoto saiu.
- É... é...
- Hã?
- A... ca... casa... da... do... don... na... Mar... ga...
- Da dona Amarga?
- Marga... ri... d... da...!
- O que eu quero saber é o que estar acontecendo lá.
- É... q... que... a... gen...gente... fo... foi... v... ver... o... pa... pai... d... dela... q... que... che...go...gou...
- Ver o pai dela que chegou?
- É... – Falou o menino entrando em sua casa.
“Então é uma festinha de boas vindas? Bem, se for, vai ser a segunda festinha onde entrego pizza hoje. Espero que nessa eles saibam que foi feito um pedido de pizza e não de outra coisa, para ninguém achar que fiz alguma troca. Não aguentaria passar por uma sessão de acusações como na última vez.” Era o pensamento de Lucas.
Ele já se dirigia para a casa quando se deteve. “Já sei! Vou chegar de uma forma que ninguém pense que foi engano. Dando parabéns e boas vindas a esse pai de não sei de quem, que chegou não sei da onde. Assim ele vai pensar que a filha preparou uma surpresa para ele, e ela agradecida pela minha iniciativa, vai me elogiar para o Sr. Michelangelo que ficará orgulhoso de mim, e deixará de pegar no meu pé, e talvez até me promova. É, essa é uma ótima idéia. Mas o que eu faço quando chegar lá? Bem, vou ver isso na hora.” E Lucas segue todo contente para a casa entregar a pizza, descendo um pouco mais a rua.
Ele encosta a moto na frente, alguns que estavam na porta começam a olhá-lo com cara de estranheza. Lucas atravessa a porta com certa dificuldade, se desculpando e pedindo licença às pessoas que se aglomeram no início da sala. Carregando a pizza no alto, levantando-a acima da cabeça dos que estavam presentes e olhando fixamente para ela, para se certificar que a estava carregando corretamente, Lucas pára num ponto da sala que considera propício e exclama em alta voz:
- Felicidades neste dia tão especial! São as saudações da pizzaria “O Michelangelo” que deseja a todos união, paz, prosperidade e que estejam sempre perto de quem se ama.
Silêncio geral.
Todos se espantam com aquilo, menos o defunto.
Lucas mal recobre o fôlego depois de falar, quando o perde novamente diante do que vê.
Diante dele existia um caixão de um preto reluzente ao redor do qual havia pessoas com olhar vago e aparência fúnebre.
Lucas olha em volta. Havia amigos e familiares juntos, mas não era nenhuma comemoração. Havia lágrimas, mas não eram de alegria. Havia abraços, mas não era para parabenizar. Serviam o que beber, mas não era uma festinha.
Era um velório.
O menino com quem falara não havia mentido. Pelo menos não exatamente.
Uma mulher de nome Margarida realmente estava recebendo seu pai, mas isso não era motivo para festa.
A pobre criança gaga só não contara de onde esse pai havia chegado. E Lucas agora estava totalmente confuso.
- Que espécie de brincadeira de mau gosto é essa? – Falou um homem indignado ao fundo da sala.
- É... bem... hã... que...
Quem agora estava gago era Lucas.
- Desembucha rapaz! O que te deu para aparecer aqui, dizendo essas coisas, ainda mais com uma pizza? – Continuou falando o homem que de tão grande mais parecia um armário.
Lucas não sabia o que dizer.
- Calma Mourão! Logo se vê que foi só um engano. – Disse uma mulher perto do caixão. Seus olhos um pouco inchados e vermelhos denunciavam que ela havia acabado de chorar.
- Foi isso mesmo que aconteceu? – Mourão continuava imparcial.
- Bem... acho que foi. – Lucas tira do bolso com suas mãos trêmulas o papel que Augusto lhe tinha entregado – Aqui está o endereço – Mas antes que possa lê-lo, Mourão o arranca de suas mãos.
- Ué?! – Fala o grandalhão com os olhos grudados no papel – É aqui mesmo! Olha Margarida – E dá o papel para a mulher perto do caixão.
- É. O endereço é daqui. – Ela fala também admirada com aquilo.
- Então é você que é Dona Margarida? – Pergunta Lucas.
- Sim, por quê?
- Por nada, só curiosidade.
- Esse aí é meu irmão Mourão, não se ofenda, ele é zangadinho assim mesmo.
- Como assim “zangadinho”? – Fala Mourão, ainda mais exaltado do que antes – Quer dizer que não posso ficar nervoso com esse aí entrando no velório do meu pai, assim, e dizendo essas coisas?
- Tá, mas não precisa ficar desse jeito.
- Como não? E você rapazinho...
- Meu nome é Lucas.
- Está bem, Lucas. Quem te mandou aqui?
- É que eu sou um entregador de pizza. Esse é o meu trabalho.
- É o seu trabalho entrar nos velórios e ofender os sentimentos alheios?
- Não! – Lucas começava a se enfurecer com aquela situação – Meu trabalho é entregar isso aqui que se chama pizza – E passa a mostrar a caixa que carregava.
- O quê? O que você quer dizer com isso? – Fala Mourão avançando para Lucas e o agarrando pela gola da camisa.
Margarida, aflita, tenta intervir para que seu irmão não machuque o pobre entregador de pizza.
- Mourão, por favor, solte o rapaz. –Ela fala agarrada ao braço de Mourão.
E eles ficam assim: Margarida agarrada ao braço de Mourão. Mourão agarrando Lucas pela camisa, e Lucas tentando segurar a pizza que teimava em querer cair de suas mãos, até que uma voz se destacou em meio ao povo perplexo com aquela cena em meio a um velório.
- Mourão!
- O que é? – Ele fala, procurando com o olhar quem dissera aquilo.
- Se esse aí veio trazer uma pizza, e se o lugar é aqui mesmo, por que agente não fica com ela? Aliás, não acho que vá fazer mal. Se seu pai pudesse falar, ele concordaria.
Quem falou isso foi Plínio, cunhado de Mourão e marido de Margarida. Ele era uma daquelas pessoas que amava entrar na festa dos outros sem ser convidado e fazer uma “boquinha” de graça.
- Como é que é?
- Eu perguntei por que nós não ficamos com a pizza.
- Então você quer que fiquemos com a pizza? – Fala Mourão com o olhar irônico.
- É. Também acho que você está se estressando à toa. Nunca vi ninguém ficar assim por causa de uma pizza.
- Plínio, por favor, não piore as coisas. Não está vendo que Mourão está nervoso? – Repreende Margarida.
- Já chega! – fala Mourão se virando para as pessoas do velório que naquela hora estavam dando mais atenção à briga do que ao defunto – Eu quero saber quem foi que fez o pedido da pizza!
Todos na casa se calam.
- Então? Estou esperando.
Mas ninguém fala nada.
- Eu ainda voto pra gente ficar com a pizza. –Fala Plínio.
- Plínio, eu estou desconfiado que foi você que pediu a pizza –Fala Mourão, agora bem perto de Plínio.
- Mourão, não acho que foi ele, o pedido da pizza foi feito alguns minutos atrás, e Plínio esteve o dia inteiro com a gente. Se ele tivesse feito o pedido, nós veríamos. –Margarida defende o marido.
- Bem, pensando assim... –Fala Mourão se afastando de Plínio que dá um suspiro de alívio.
- E você, Lucas –Continuava Margarida –Acho melhor você ir embora com essa pizza. Ela já deu muita confusão por hoje.
- Voltar? Mas de jeito nenhum! Sr. Michelangelo me mataria.
- Quem?
- Sr. Michelangelo, meu chefe. Ele é rígido, mal humorado e grosso.
- Ele é mesmo isso tudo? Bem que eu penso que o bom é não ter chefe - Argumenta Plínio.
- É. E agora sou eu que quero saber quem fez esse pedido de pizza –fala Lucas num tom de voz que mostra que quem fez o pedido terá de enfrentá Mourão e ele também.
- Nós também queremos, Lucas – Fala Margarida –Gente! Se alguém aqui pediu essa pizza, por favor, fale, eu prometo que não deixo Mourão fazer algum mal.
Mas novamente ninguém se manifesta. Isso por uma simples razão: Ninguém ali havia feito o pedido.
“Ainda bem que não fui eu” Pensavam alguns.
“Coitado de quem fez esse pedido” Pensavam outros.
“Qual será o número da pizzaria?” Alguns se perguntavam.
Margarida, Lucas e Mourão ficaram esperando alguma resposta, até que Plínio resolveu falar.
- Pessoal, pensem bem - Falou olhando especialmente para Lucas e Mourão - Eles são todos vizinhos daqui, se algum deles fez o pedido, porque não colocaram o endereço da casa deles?
- Não sei! Talvez para me perturbar. –Falou Mourão que tinha fama de valentão na vizinhança.
- Mourão, não seja paranóico – Fala Margarida.
- Ela tem razão Mourão, seria um desrespeito com seu pai e com dona Margarida, que são pessoas muito respeitadas e queridas por todo o bairro. – Fala um amigo da família.
- Seja como for, eu quero que isso se resolva logo, tenho outras entregas a fazer – Fala Lucas olhando para o relógio.
-É. Mas você não sai daqui até isso se resolver – Adverte Mourão.
Lucas fica preocupado com isso, e torce para que quem pediu a pizza apareça logo. Para sua surpresa surge alguém vindo da cozinha e abrindo caminho por entre as pessoas que se juntavam ao redor do caixão.
- A minha pizza já chegou? – pergunta o estranho.
- Quem é você? – Margarida queria saber.
- Sou Bruno, funcionário da funerária – Falou ele tendo o uniforme como prova do que afirmava.
- Então foi você que pediu a pizza? – Mourão estava intrigado.
- Sim! Espero que não se ofenda. É que eu estou trabalhando desde o meio dia, entregando caixões e tudo mais, e não tive tempo de ir para casa, então resolvi pedir a pizza em nome desse endereço, já que eu estaria aqui.
- Você tem alguma idéia do vexame que causou? – Pergunta Margarida.
- Sim, e peço desculpas, não foi minha intenção.
- Não foi a intenção? Eu deveria era quebrar tua cara todinha agora – Fala Mourão encarando o homem.
- Ou te processar por danos morais. – Fala Plínio sempre pensando em se dar bem.
- Bem, não acho que uma mera pizza seja suficiente para um processo. O que seria caso de processo seria o espancamento de um trabalhador exercendo sua profissão, eu no caso. – O funcionário da funerária fala para Mourão que parece entender o recado.
- De qualquer forma, aí está a pessoa que telefonou para a pizzaria e aqui está sua pizza. Muito obrigado. – Lucas não escondia sua satisfação.
- Eu é que agradeço, mas não espere gorjeta.
- Não se preocupe, sair daqui já é uma boa recompensa.
- Então quer dizer que vocês simplesmente vão sair daqui, e fica por isso mesmo? – Mourão não concordava.
- Mourão, por favor, deixe-os ir – Margarida estava irritada – Essa história já redeu demais, nosso pai não merece essa situação em pleno seu velório.
- Você tem razão! – Mourão vira-se para Lucas e Bruno – Vão antes que eu mude de idéia.
- Sem pizza? Ah! Que pena. – Lamenta Plínio.
Mas Bruno e Lucas não lamentavam, eles logo se dirigem para a saída, e depois para os veículos em que vieram. Lucas para a moto da pizzaria e Bruno para o carro da funerária que não estava longe de onde Lucas estava.
- Ufa! Finalmente posso sair desse lugar. Espero não ter que fazer nenhuma entrega como essa hoje. – Lucas monta na moto e segue para a pizzaria.
Bruno entra no carro da funerária com a pizza na mão, logo ele abre a caixa e oferece um pedaço a seu colega que sentado no banco do motorista.
- Nossa, Bruno, você demorou. E como você conseguiu essa pizza?
- Foi um golpe de sorte. Eu estava lá até agora esperando aparecer alguma coisa boa que pudesse comer, eu estou em jejum desde o meio-dia, mas não apareceu nada, só havia cafezinho e chá, então lá da cozinha eu ouvi uma discussão, fui lá olhar e vi que era por causa de uma pizza, um entregador tinha entregado ela no meio do velório e alguém tinha se ofendido, então resolvi fazer um favor a todo mundo ficando com a pizza.
- Mas foi você que pediu ela?
- Não!
- E quem foi?
- Não sei. Mas seja quem for parece não ter se importado de eu ter ficado com pizza.
- Se estava havendo uma confusão por causa dela, talvez tenha sido melhor você ficar com ela.
- Para onde vamos agora? Para a funerária?
- Não. Pelo menos não agora. Vamos primeiro visitar meu tio Michelangelo, eu tenho alguns recados da minha mãe, que é irmã dele, para lhe entregar. Coitado! Não anda bem com os negócios. Está cheio de dívidas, o que deixa seu humor que é ruim ainda pior.
- É mesmo? Sendo assim será bom visitá-lo?
- Eu vou ter que ir. Olha, tive uma idéia, que tal você contar para ele quando chegarmos lá a confusão que houve no velório por causa da pizza. Ele tem uma pizzaria, talvez ache a história interessante e isso possa nos descontrair e torná-lo mais amigável.
- É. Pode ser.
E eles vão embora.
Não muito longe de onde o carro da funerária deu a partida, um menino estava na calçada olhando ora numa direção ora noutra, à espera de algo.
- Juninho, volta já para dentro de casa, menino, está ficando tarde! – Sua mãe grita da porta de casa.
- Já... já... vo... vou... indo...só... es..estou... es... pe.... esperando... che... chegar... a... min...minha... piz...pizza.
- Mas não precisa ficar esperando na calçada. Você já não deu o endereço?
- Ma... mas... eu...eu... que..re...quero... esperar.
- Está bem. Só não vá demorar. Já está de noite. – Falou a mãe.
O menino assentiu com a cabeça, e continuou sua espera já muito impaciente.
- Dro... droga... se... se... será... q.... que... na...não... en...ten...entede...entenderam... o... en... ende... endereço de... de novo?