O CÉU DA MINHA INFÂNCIA

Quando criança eu morava no colo de uma serra no sul de Minas Gerais. Lembro-me bem das tardes de céu aberto, cheio de nuvens e cores lá no topo da serra, com tons dourados e alaranjados, tão digno das tintas de um pintor.

Meus irmãos e irmãs, primos, primas, tias e tios, todos reunidos no alpendre da casa de meus avôs, sentados num grande e comprido banco de madeira, olhando para cima e admirando aquele céu mágico, feito tela de TV que nem imaginávamos que existia. Como se começasse a sessão de um filme, o céu aos poucos deixava mover as nuvens formando estranhas figuras, figuras de animais, de pessoas e de coisas que tirávamos do fundo da imaginação.

Era um encanto quando conseguíamos descobrir uma imagem no céu. E mais encantado ainda ficávamos quando conseguíamos dos outros o espanto repentino: “Nossa é mesmo!”, “Olha lá, estou vendo também!”. “Veja, estou vendo um cavalo enorme! (apontando com o dedo) Olhe cabeça dele lá!” Aquele céu era mesmo pra gente como um enorme aparelho de televisão, a qual nem imaginávamos que já haviam inventado.

O céu da minha infância foi a primeira televisão que assisti!

Paulo Del Ribeiro
Enviado por Paulo Del Ribeiro em 22/04/2012
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