JANEIRO

Seu José é um próspero comerciante de minha cidade, homem que não consegue viver sem trabalhar, mas que também gosta de contar suas histórias, já que possui farta experiência de vida.

Num dia de janeiro deste ano, contou-me ele que na véspera, lá pelas três horas da tarde, havia saído com sua camioneta à procura de um conhecido que mora no interior, no meio rural. O objetivo era negociar alguns gêneros alimentícios produzidos na tal propriedade e que seriam então postos à venda no mercado da cidade.

É preciso entender que janeiro é um mês muito quente aqui nesta região do sul do Brasil. As pessoas que habitam mais o Norte costumam achar que o Sul, por ser muito frio no inverno, tem temperaturas mais amenas no verão. Puro engano. Se no Sudeste está fazendo 35 graus, o mesmo pode estar fazendo aqui. Tem dias que é um inferno.

Era uma tarde de sol e calor. Seu José chegou na propriedade rural e não encontrou ninguém em casa. O homem havia saído, seus demais parentes também não estavam.

No pátio estava um cachorrinho, talvez de uns dois meses, que latia bastante. Estava amarrado numa corrente, apanhando todo o sol que então fazia.

Seu José decidiu seguir adiante, até a próxima propriedade, distante uns três quilômetros, para ver se lá encontrava o homem que procurava, pois sabia que ele costumava ir lá. Chegando no local, ficou sabendo que ele havia passado por ali há cerca de uma hora, e que seguira mais adiante.

Meu amigo achou então melhor voltar, não mais procurar o homem, porque acabaria ficando tarde, e precisava voltar. Resolveu então passar de novo na casa para ver se um dos filhos já estava, e com ele conversar acerca de negócios. Lembrou-se do cachorrinho que lá ficou latindo, e pensou que o animal poderia estar sofrendo com o calor do sol.

Esse pensamento era bem fundamentado, pois lá chegando, e ainda não havendo ninguém na casa, viu o cachorrinho no pátio deitado, morto mesmo, morto pelo calor do sol, vermelho, inchado e morto.

No dia seguinte, o homem apareceu no mecado daqui da rua, e a conversa girou mais em torno do cachorro que morreu ao sol do que dos negócios que deveriam ser tratados.

- Eu deveria ter desatado o cachorrinho e deixado ele à sombra, disse Seu José.

- Pois é, disse o outro, eu nem me toquei que o sol iria fazer mal ao bicho. Agora está feito, está enterrado. Pelos menos aprendi mais esta.

Esta é a lição que fica. Pequenos animais não suportam o sol intenso. Sombra e água fresca para eles no verão.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 19/04/2012
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