ELAS PRECISAVAM DE UM LAR
Ela olhava com carinho cada criança daquela instituição. Conhecia cada uma pelo nome, e sabia da triste realidade que viviam.
Nenhuma tinha pai ou mãe, que pudesse criá-las, e amá-las.
Por mais que ela fizesse, não conseguia dar a cada uma o carinho, atenção, amor que tanto careciam.
Na realidade ela sabia, que eles precisavam do aconchego de um lar.
Porém, alguns haviam chegado ali, bebês de poucos meses, e já estavam com 6 ou 7 anos, e nada havia acontecido.
Fosse pelos processos de adoção morosos, ou porque não houvesse coração com amor suficiente para albergar crianças tão carentes de afeto e cuidados.
O que ela sabia era que, na vida daquelas crianças, havia um abismo construído pela ausência de amor.
Por vezes presenciou, animais serem mais mimados, e amados, do que aquelas pobres criaturas.
Não que ela tivesse nada contra os animais, muito pelo contrário. Mas, pensava que se eles precisavam de um lar, imagine uma criança!
Sentada, ela continuava, olhando aqueles berços , e camas enfileirados à sua frente.
De repente, Enio, um menininho de 5 anos, se encostou mansamente em seus braços, e lhe falou: "Tia, quando você está aqui, fico alegre, e quando vai embora.... fico esperando você voltar".
Ela beijou longamente aquela cabecinha de cabelos encaracolados, e deixou as lágrimas descerem mansas.
Naquele momento queria ser uma fada, e num piscar de olhos, abrigar cada uma daquelas crianças, em um lar amoroso.
Ela sabia, que o maior desejo de cada uma, era ter um lar.
E existiam tantos lares tão vazios, onde a presença de uma criança iria trazer alegria incomun.
Mas assim não era. Então tratava de dar todo carinho ao menino doce que tinha nos braços, e continuava tendo esperança, que corações se deixassem envolver pela generosidade, e se contaminassem com a vontade de acolher um daqueles pequeninos.
Na tentativa de aliviar sua alma, sempre que voltava de lá, ela se agasalhava nessa esperança.
(Foto da Autora)