O DRAMA DA FORMIGUINHA
Um senhor setentão, vivaz admirador das letras, sugava solito o costumeiro chimarrão do final de tarde frente à sua casa. Entre uma cuia e outra do doce/amargo, procurava um tema para, depois, transferir para o papel em forma de literatura.
Eis que, observando algumas formiguinhas que corriam para lá e para cá no árduo trabalho da sobrevivência, chamaram-lhe a atenção. Enquanto umas, no afã de conseguir seu almoço, varriam todos os recantos do piso de cerâmica do pátio, outra, um tanto afastada do grupo, interessou-se por uma frutinha, umas cinco vezes maior que ela. E a atenção voltou-se para essa obreira incansável.
Por alguns longos segundos caminhou ao seu redor, parecendo estudá-la... e a frutinha ali, imóvel, pretinha, sazonada, esperando.
Os olhos do mateador, curiosos, espreitando.
A frutinha parecia sedutoramente aguardando sua vês de ser útil para a formiguinha. Quase era visível o esfregar-se dengosamente no corpo da formiguinha.
Esta parou seu passeio que fazia ao redor dela. De repente abriu sua enorme pequena tesoura e – crann – feriu a pele negra da frutinha com o gadanho afiado... e deleitou-se com o sumo.
Foi assim que, durante enormes segundos, quase minutos, ficaram ambas imóveis, a formiguinha deliciando-se com o líquido, que sugava com avidez e a frutinha comprazia-se com o ato de servir de alimento.
A formiguinha parecendo satisfeita, estremeceu levemente e, caindo de costas, fechou os olhinhos e esticou as patinhas, ficando imóvel como se estivesse morta.
O homem que observava o espetáculo, com a dolência com que Deus lhe confeccionara a alma, exclamou .
– Que triste fim! Tadinha! Foi seduzida pelo exterior reluzente do veneno!
O homem do mate, guardando a cuia no suporte, preparava-se para ir atrás do seu próprio trabalho, quando, com espanto, viu a formiguinha levantar-se, esfregar os olhinhos sonolentos e seguir seu caminho.
Ela era toxicômana. O agente tóxico lhe dera a dose que, por horas, acolmaria seus desconfortos, quase delírios.
Um senhor setentão, vivaz admirador das letras, sugava solito o costumeiro chimarrão do final de tarde frente à sua casa. Entre uma cuia e outra do doce/amargo, procurava um tema para, depois, transferir para o papel em forma de literatura.
Eis que, observando algumas formiguinhas que corriam para lá e para cá no árduo trabalho da sobrevivência, chamaram-lhe a atenção. Enquanto umas, no afã de conseguir seu almoço, varriam todos os recantos do piso de cerâmica do pátio, outra, um tanto afastada do grupo, interessou-se por uma frutinha, umas cinco vezes maior que ela. E a atenção voltou-se para essa obreira incansável.
Por alguns longos segundos caminhou ao seu redor, parecendo estudá-la... e a frutinha ali, imóvel, pretinha, sazonada, esperando.
Os olhos do mateador, curiosos, espreitando.
A frutinha parecia sedutoramente aguardando sua vês de ser útil para a formiguinha. Quase era visível o esfregar-se dengosamente no corpo da formiguinha.
Esta parou seu passeio que fazia ao redor dela. De repente abriu sua enorme pequena tesoura e – crann – feriu a pele negra da frutinha com o gadanho afiado... e deleitou-se com o sumo.
Foi assim que, durante enormes segundos, quase minutos, ficaram ambas imóveis, a formiguinha deliciando-se com o líquido, que sugava com avidez e a frutinha comprazia-se com o ato de servir de alimento.
A formiguinha parecendo satisfeita, estremeceu levemente e, caindo de costas, fechou os olhinhos e esticou as patinhas, ficando imóvel como se estivesse morta.
O homem que observava o espetáculo, com a dolência com que Deus lhe confeccionara a alma, exclamou .
– Que triste fim! Tadinha! Foi seduzida pelo exterior reluzente do veneno!
O homem do mate, guardando a cuia no suporte, preparava-se para ir atrás do seu próprio trabalho, quando, com espanto, viu a formiguinha levantar-se, esfregar os olhinhos sonolentos e seguir seu caminho.
Ela era toxicômana. O agente tóxico lhe dera a dose que, por horas, acolmaria seus desconfortos, quase delírios.