Escrita de Uma Noite Sem Fim
A vida por dentro é outra coisa. Um dia a mais passado ligeiramente à sombra da inutilidade, alimentação do ego, alimentação do não fazer nada, nada útil.
Horas na frente daquela mesma tela, sequencias intermináveis de imagens, sons, pessoas, horas assistindo um mesmo drama humano fictício. Se esquecendo do próprio drama, acompanhando a vida alheia inexistente, por horas, horas e horas, virando a noite olhando, não pensando em nada útil, só existindo na frente da tela, não sendo observado por ninguém.
Desistência do sono, desistência de descanso, de dormir, desistência do tempo mais inútil que se pode ter.
Um ser acabado destruído pela dor e o cansaço, preço pago pelo tempo inútil não usado, coisa de louco, madrugada sem fim.