Aparências
No quinto ano primário de uma escola secular, os alunos entusiasmados na sala, foram surpreendidos em seu primeiro dia de aula.
Em meio a alegre meninada, um garoto alto e forte, de cara fechada se destacava.
Ninguém quis sentar-se ao seu lado.
Assim, ele se espalhou na carteira, soberano como um monarca. Sempre sem dizer uma só palavra.
Mas o espanto tomou conta da sala, quando um moleque baixinho chegou acompanhado do diretor que falou:
- Muito bem classe! Quero que conheçam o novo aluno dessa sala. Pelas boas notas que tem, resolvemos adiantá-lo da terceira para a quinta série. [...] Tenho certeza que sendo o ótimo aluno que ele é, não terá dificuldades em se adaptar nessa nova turma.
Dito isso, o diretor dirigiu-se ao menino:
- Agora filho, procure uma carteira para se sentar. [...] Ah, veja! Tem um lugar vago bem ali, ao lado daquele garoto alto e forte. [...]
Em suspense, todos acompanharam com o olhar atento o pobre menino indo de encontro à fera, enquanto o diretor se ausentava da sala.
Educadamente, o moleque se aproximou perguntando ao grandalhão embrutecido:
- Tem alguém sentado aqui?
O outro nem olhou. Então ele continuou:
- Voce pode dizer se tem alguém sentado aqui?
Impaciente, o grandalhão lançou-lhe um olhar de fúria, permanecendo em silêncio absoluto.
Indignado, o moleque colocou os livros sobre a carteira, subiu sobre os mesmos e dirigindo-se ao vizinho, simplesmente berrou:
- VOCE É SURDO? [...] EU PERGUNTEI: TEM ALGUÉM SENTADO AQUI?
Então o grandalhão morrendo de medo, mostrou que só tinha mesmo tamanho.
Olhou para os lados, todo envergonhado perante os colegas que o encarava.
Quando finalmente abriu a boca para falar, a turma toda caiu na graça.
O grandalhão tinha a voz fina como a de uma menina, e era tão medroso e covarde quanto um rato.
Dali por diante, continuar estudando naquela sala seria impossível.
E ele bem que tentou. Mas no final de tudo chorou, esperneou, implorou aos pais e ao diretor, que acabou decidindo transferí-lo para outra turma mais inocente e em horário diferente.
Quanto ao moleque baixinho, tomou a vaga do desistente e se tornou o líder da classe dali pra frente.