Mudando o futuro

- O que esperas que eu faça? Afinal, não tenho sido paciente o suficiente ao ouví-lo sem questionar em momento algum? O que esperas que eu faça agora?

- Querida, sabes bem que a amo... jamais pediria que...

- O quê? Que me oferecesse aos seus clientes? Assuma!

- Sempre agi com franqueza contigo, minha bela; não começaria a mentir agora! Tenho negócios pendentes, preciso que aqueles homens fiquem mais... digamos, à vontade.

- Saia daqui! Saia imediamente do meu camarim!

- Espero por você no bar! Hoje é a sua noite, meu bem. - Despediu-se o sujeito mal encarado, com um sorriso amarelo e sarcástico nos lábios escurecidos pelo tabaco.

Após um breve momento de tensão, a moça começava à pensar com mais clareza.

Lembrou-se dos dias em que comia restos de comida à porta do tal bar, desde que decidira abondanar um lar de abusos contra sua vida e dignidade feminina. Entendia que poderia ir embora, já guardara uma quantia considerável de suas generosas gorjetas, e poderia recomeçar em um outro lugar, distante de tudo que conheceu.

Sempre sonhara em comprar um barquinho e velejar, conhecer o mundo.

Mas prendeu-se àquele bordel, pois, seus clientes, na maioria, tornaram-na a estrela da casa: cantava, conversava e acompanhava aos mais diversos cavalheiros, que recompensavam dando-lhe belos diamantes.

Abriu a porta apressadamente...

- Espere, Pierre! Hoje é a minha noite!