POR UM MOMENTO
Um tímido sorriso seguido de um olhar vazio, que foi perdendo o foco lentamente...
Era o sinal, que depois de quarenta dias de agonia, Mauricio estava perdendo a luta pela vida. O projétil, alojado na sua cabeça, cumpria o objetivo para o qual tinha sido disparado, após uma discussão no transito, resultado de uma suposta "fechada".
Pra Gilda, a esposa, que também vivia o calvário, não importava mais o motivo daquela briga e sim aquele olhar que anunciava a partida do marido e pai dos filhos, Cleber, de oito anos e Mauricio Junior, de apenas dois.
Por um momento em que alguém não se deu "um tempo", uma família sofria a dor da morte. Um momento, que traiu alguém ao ponto de matar, não só um semelhante, mas os sonhos de uma família. Um momento, que poderia ser diferente, a medida em que um dos lados simplesmente descartasse a violência e buscasse a paz como forma de resolver a questão. Um momento.
Um som linear soou naquele quarto de hospital e anunciou o fim para marido de Gilda e o pai de Cleber e Junior.
Mas, para cada um de nós ainda pode ser diferente.
Pense nisso.