CASTORINO  (mini conto) II

 

Mulato sacudido, passos lerdos, raciocínio travado. Tinham-no por um tonto completo. Enganavam-se, porém. Não era bem assim. Existem animais que se fingem de mortos para melhor iludir suas presas. Castorino gostava de ver a aproximação dos incautos zombadores a lhe conferir de perto a imobilidade funérea. E, no descuido... zás!  a  jugular explodia!

Entre ganhos e perdas, veio a morrer num campo de peladas, vítima de um tiro na cabeça.

Aí, sim, puderam soprar, sem riscos, em seus ouvidos, apertar seu nariz e até apalpar os seus calos.
Requiescat in pace.