Sem despedida...

Sem abraços. Sem palavras. Apenas a sensação de que um laço se rompera bruscamente. O vazio, a desolação e o sentimento de abandono. Três sentimentos que antes eram desconhecidos e, agora faziam parte do seu dia-a-dia. Lembranças do passado e dos dias felizes confundiam-se com aquele sentimento de profunda tristeza. Uma sensação de inutilidade. Em sua mente existia apenas a dúvida sobre: O que de tão ruim haveria feito para receber aquele tratamento? Das muitas respostas a que mais prevalecia era: Você não serve mais. Então, não há mais porque fingir, agradar. O faz-de-conta terminara. Era cada um para o seu lado. Simples assim. Totalmente diferente do início. Três anos atrás eram só elogios e promessas, que alimentaram sonhos e esperanças de um futuro melhor. Elogios que logo terminaram. Esperanças que insistiram em permanecer até o último segundo. Talvez, uma tentativa para não enxergar a verdade. Uma verdade dura, cruel. Constatações que permaneceriam para sempre, embora não quisesse. Ninguém quer se decepcionar. Acredito que não exista algum ser humano que procure isso, que almeje uma coisa dessas. Mas, mais cedo ou mais tarde acabamos atingidos por esta grande faca, que fere, mutila e mata. Se não destrói fisicamente, destrói emocionalmente. Perturba os pensamentos. Confunde nossos objetivos. Enfim, deixa-nos a mercê de qualquer coisa, de qualquer mal que esteja a espreita, esperando justamente este momento, para surgir. “...mas livrai-nos do mal...”. Esperamos que sim. Até mesmo deste mal tão sutil e invisível aos olhos...e que alguém ou alguma força, também nos livre. Conforme os dias vão passando, apesar de ainda continuar com a mesma dúvida, as pequenas feridas vão fechando. Cicatrizam e algumas desaparecem. Resta apenas uma: Aquela que será para lembrar de proteger-se da próxima vez, para que a intuição não seja desbancada pela ignorância e ingenuidade. Duas irmãs que unidas são fatais e, capazes de destronar qualquer rei, mestre ou anjo deste mundo ou de qualquer outro. Se é que em outro mundo exista esse tipo de fraqueza humana. Talvez, não exista. Talvez, seja só aqui que a ignorância impere. Ignorar é não querer ver. E ultimamente, não queremos ver muita coisa, principalmente, em quem mais admiramos. É a velha preferência por viver na tolice e na escuridão. Luz e sabedoria. Ameaças graves á fantasia. A primeira porque ilumina os cantos escuros e escusos de nossos pensamentos e, a segunda, porque nos faz conscientes do que somos e de onde estamos vivendo, e por consequência, nos faz ver com quem estamos e assim, para aonde iremos um dia. A ninguém agrada saber que vai morrer, mas acredito, que agrade menos ainda a sensação de que será: sem palavras, sem abraços, sem despedida.

Lisi Martins
Enviado por Lisi Martins em 13/03/2012
Código do texto: T3552039
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