Fisgando o amor pela barriga
Eu nunca fui em excepcional cozinheiro mas sempre me virei bom. Devo grande parte do meu talento ao meu amigo Luciano, que hoje é chefe de cozinha em Londres, e numa de suas visitas me ensinou muitos truques, que confesso, pouco uso.
Um homem que cozinha e de preferencia bem tem um selo de qualidade a mais quando se trata de uma conquista com o sexo oposto. Note que quando falo de conquista é uma coisa muito diferente da tradicional ficada de fim de festa. O homem quando usa a palavra conquista significa que ele quer bem mais que sexo, ele busca amor. Mas voltamos a historia.
Quando eu conheci a Nika, uma morena, olhos verdes, sorriso fácil e envolvente e papo inteligente, imaginei essa é para conquistar. Foi o que fiz. Não corri muito atrás, mas depois de um tempo consegui uma façanha. Um convite para ir a casa dela. Na verdade foi um auto convite, mas isso é assunto para outra historia.
Já éramos amigo, e creio que na segunda vez que fui na casa dela, ela perguntou se eu sábia cozinhar, prontamente respondi que sim, então veio a ordem, porque mulher tem esse poder, principalmente na época flerte, ela manda, e eu tive que ir para cozinha.
No cômodo mais incomodo da casa raciocinei qual seria o melhor prato para se fazer. Primeiro supôs que um carreteiro era bom, no entanto depois de planejar melhor preferi fazer um macarrão com salsicha que tinha aprendido com meu amigo Luciano.
Coloquei a água em uma panela para esquentar. Depois em outra panela fiz um  molho com as salsichas a base de temperos de cheiro e tomate. Aquele molho ficou excepcional, em seguida coloquei a massa na panela, foi ai que o fatídico fato aconteceu.
Estava eu virado num mestre cuca na cozinha, pensei é hoje que eu arranco suspiros dessa morena, senão com meu charme com a minha comida, mas ela do nada saiu do banho e enrolado em uma toalha verde parou a porta da cozinha e começou a conversar comigo.
Evidente que se fosse uma mulher qualquer, mesmo sendo bonita, enrolada numa toalha não me tomaria tanto atenção, mas como aquela era a mulher com quem eu planejava passar os restos dos meus dias, a mulher que eu queria dividir minha cama para o resto da vida a historia foi outra.
Ela falava alguma coisa que certamente nem com regração vou lembrar, e eu com os olhos fixos para as coxas, ou parte delas que apareciam por debaixo daquela toalha, imaginando que bastava um simples toque e aquele pedaço de pano, que na era a divisa entre o inferno e o paraiso, cairia por chão e meus sonhos se revelariam.
Ela conversou um tempo, eu tremi e gaguejei um tempo, e depois que ela foi pro quarto colocar uma roupa para jantar eu me voltei para a panela, mas como dizia o grande Alci de Vargas, puxa tchê era tarde demais, a massa estava toda grudada, e o molho liberando uma fumaça preta, tinha ido por água abaixo o meu jantar e certamente aquele seria um ponto muito negativo.
Pensei rápido, procurei um desculpa, quem sabe uma porta para sair dali correndo, mas não tinha jeito, tive que misturar a paçoca com aquele caldo meio escuro que antes era um molho e coloca sobre a mesa. Quando ela se serviu eu fiquei olhando, ela não mastigava, como uma moça educada socava goela abaixo, e sinceramente eu estava achando uma droga aquela comida, mas mastigava comida e suspirava como se aquilo fosse a maior delicia do mundo, mas tive dó dela e fiz a fatídica pergunta:
- Querida você não gostou?
- Posso ser sincero com você, não gostei mesmo.
- É isso acontece, principalmente quando é a primeira vez que as pessoas experimentam comida chinesa.
- Chinesa?
- Isso. Desculpa por não te perguntar se você gostava ou não.
Não sei se ela acreditou, mas o fato é que ela nunca quis nem passar na frente de um restaurante chinês.
 
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 11/03/2012
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