OS INQUILINOS

A noite é de verão estrelado.

O silêncio da noite brinca de esconde-esconde com a brisa

da laguna. E eu sigo meu passeio noturno entre plátanos e figueiras

centenárias, que durante o dia acolhem o riso, a alegria ou a

conversa dos que passam. Ah, mas à noite eles abraçam, protegem

e cedem seus galhos para o repouso da passarada e de algumas

corujas caburé. Volto para casa entre os holofotes dos carros que

passam pela avenida perfumada pelos jardins da vizinhança.

Retomo minha leitura entre meus lençóis, a tranquilidade me

leva e nem percebo que a madrugada vira página por página de meu

livro.

Toc, toc, toc, não posso deixar de sorrir, eles estão saindo

para caçar ou coletar alguns alimentos, já estava achando demora!

Há vários meses que alguns gambás transformaram o forro da

casa onde passo os fins de semana em moradia. Fico imaginando

quantos serão, será um casal com sua trupe de filhotes? Pelo que

sei, eles não possuem hábitos familiares, a não ser no período da

reprodução. A barulheira permanece. O toc, toc, toc e os grunidos

seguem por várias horas.

O sono toca sua sineta avisando que a leitura acabou por

hoje. Obedeço apagando a luz do abajur e me entrego inteira aos

sonhos.

betitesta
Enviado por betitesta em 05/03/2012
Reeditado em 05/03/2012
Código do texto: T3536357