AQUI E ALHURES

Aqui ou alhures é impressionante a essência do existir. É maravilhoso fazer leitura de uma sociedade , de um indivíduo , das tradições e costumes. Os milhares de dialetos que nosso Brasil registra inflamam nossos contos, causos e pesquisas. Fica aqui uma apologia aos estudos antropológicos. Mas bem no coração mineiro conforme marco e defesa popular ,entre as pitorescas localidades rurais, observa-se uma salada de costumes, apimentadas pela trajetória colonial, industrial e religiosa mas também pelo arrastado local. Acho até que esse jeito simples e diferente de expressar, nasceu do serrado entre os pequizeiros, cagaiteiras, araticuns e outras mais da região. Mas é encantador quando encontram as comadres dessa banda. Em um desses momentos marcantes, uma senhora quarentona aparece grávida na cidade vizinha . Desce de um centenário cata jeca , porta de alavanca, cheio de gente, frango, sacos e sacolas, menino e outras coisas em milhares. Abraça saudosamente a outra já dizendo:

-Minha prosa é curtinha cumadi, tenho que piá na Passaginha os preços na venda do “feio” tá mais baixo e nesse calor danado to sofrenu nessa prenhice qui só veno.

A outra, como costume anfitrião das pairagens ofereceu água, comida e café:

-Tá cedu cumadi e num percisa aperriá nu instantin sora chega lá.

É mas to qui num guento mais de dor nus quartos e si eu demoro o sór arteia e vô derretando de calor. E si bubiá vou parir o mininu na istrada e to perrenha de medo. Tô muitio veia cumadi.

-Ara Cumadi ganhar mininu é qui nem espremer um bernu percisa percupá não.

Pra quem não ouve essa linguagem todo dia, fica até difícil traduzir mas é a pura fala local. É interessante demais esse jeito mineiro de se comunicar.

E tenho pelas minhas convicções “poéticas” que cada palavra está correta pois elas se entendem , se respeitam e confraternizam. Portanto gostaria de ter pernas pra visitar cada cantinho desse país e divulgar as diversidades, compreender e curtir pois é muita riqueza cultural pra deixar de herdar.