A AUSÊNCIA DE TOQUINHO

Dezesseis anos se passaram de pura e fértil amizade.  Estou falando a convivência com o Toquinho, nosso cãozinho fox paulistinha que parecia ser bipolar, pois ao mesmo tempo em que apresentava sua raiva com latidos intermináveis, era dócil como um coelhinho. Muitas vezes eu chegava extenuado do trabalho e me deitava na cama com Toquinho deitando-se ao meu lado. O calor do corpo daquele animalzinho encostado em  minha perna era suficiente para me causar bem estar e curar o meu cansaço.
 
A vitalidade e a alegria de nos receber com as orelhas em pé, infelizmente foi se desvanecendo.
 
De uns tempos para cá, Toquinho demonstrava sinais de envelhecimento com a vista enevoada e já não se locomovia com a mesma facilidade. Foram reiteradas idas ao veterinário com medicação cada vez mais forte para conter as dores.
 
Tanto eu como Nailsa, minha mulher, sofríamos vendo o bichinho se rastejando, tentando levantar-se.
 
Muitas vezes via Nailsa cabisbaixa e as lágrimas rolando densamente pela face.
 
No dia 09 de agosto, parece que Toquinho tinha o pressentimento que sua maior amiga iria deixá-lo, pois teria que ser submetida a uma cirurgia. Ele soltava frenéticos gemidos e não sabíamos como contornar.
 
Saímos para o hospital e Nailsa estava aos prantos.
 
Minha filha Adriana chamou o verterinário Dr Marcelo.
 
Foi naquela noite que Toquinho nos deixou.  Restou um vazio muito grande com a ausência do nosso cãozinho tão estimado. O conforto foi o fato de termos feito tudo que estava ao nosso alcance para preservar a vida dele.