Me perguntaram...

Um dia me perguntaram:

- Você se compara a quem nessa vida?

Não pensei duas vezes respondi:

- A um rio, a pessoa assustada, me olhou sorrindo e disse:

- Pensei que se compararia a um ser vivo, um bicho, uma planta, coisa assim, mas rio? Por que? Fui logo dizendo, olhe para as águas que correm, tranqüilas sempre parecem sorrir, mas preste atenção por quantos obstáculos elas passam, são pedras, grandes enroscos na beira da margem, a poluição, sem contar com as pequenas e grandes cachoeiras que enfrentam! Sempre parecendo estar sorrindo...E é ali, justamente ali, nas”Grandes Quedas”... que elas mais cantam e encantam pela força que tem de exercer. Sinto-me assim, pulando meus obstáculos com as enxurradas de minhas lágrimas, sorrindo!

Sou como as águas que descem o rio, sem olhar para trás...firme, levando o que encontram pela frente, mesmo sem saber o que dali a um metro irão encontrar. Seguem cegas o curso que a natureza oferece, e com seu jeitinho vai moldando dia a dia o barranco por onde outras irão passar, para chegarem fortes, com menos barreiras e livres ao MAR.

Aprendi desde cedo a amar, lutar, perder e ganhar...

indaga-me o amigo:

- Com tudo isso ainda se considera feliz?

Olhando firme em seus olhos respondi:

- Por quê ainda me considero feliz? Por quê? Porque sei que um dia como as águas chegarei ao MAR... Então sou feliz...

Um breve sorriso abriu em seus lábios, dando uma confirmação positiva de que gostou da resposta, nos calamos e em meu rosto correu uma lagrima, talvez de saudades, de lembranças...de dores pelas quedas...

Quebrei o silêncio com a mesma pergunta a ele dirigida:

- E você meu amigo? Que está ai a pensar, se compara a quê? Já que me perguntastes, responda-me ao que se compara também?

- Ao vento respondeu, levantando-se e abrindo os braços diz: Sou igual ao vento, olhe para ele, os vê? Não, não, ninguém pode vê-lo, mas pode senti-lo até na mais suave brisa, outras vezes nos mais fortes vendavais, acompanhado de chuva forte, onde fazem estragos, sou assim, livre, fraco, forte, invisível, ninguém tem domínio sobre mim, ninguém me vê, apenas sente que estou por perto, sou como a brisa suave ou grandes temporais.... Quando estou triste choro, e minhas lágrimas são como a chuva, lava-me por dentro levando toda tristeza que estava machucando, levando-a para bem longe.

Depois do temporal vem a bonança...como a brisa suave, mas ninguém me vê...

SENTEM-ME!

Sorri, enquanto o rio seguiu seu curso, e o vento balançou os galhos dá arvore!

Teresa Cordioli
Enviado por Teresa Cordioli em 20/01/2007
Reeditado em 08/01/2009
Código do texto: T352941
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