Sangue no Asfalto
Sangue e morte no asfalto
Jorge Linhaça
Corpos decepados espalhados nas ruas, rios de sangue correndo nas sarjetas, gritos de dor ecoando no éter.
Macabra visão atinge os passantes.
Os curiosos de plantão a tudo assistem sem nada fazer, como a deliciar-se com a descoberta de seus próprios medos inalando o cheiro do sangue e da morte.
Corpos se arrastam em busca de auxílio...máscaras de dor substituem seus traços, faltam-lhes pernas ou faltam-lhe braços, deilacerados naquela tragédia.
Tocam sirenes das ambulâncias, polícia e bombeiro, numa última tentativa de salvaguardar as vidas daqueles que ainda se agarram a ela pelo último fio.
O barulho ensurdecedor das hélices dos helicópetros de resgate afasta um pouco os curiosos que tampam os ouvidos tentando abafar o ruído infernal.
Olhos arregalados não perdem um detalhe, pessoas usam seus celulares para filmar a cena sentindo os arrepios da proximidade tão sensível da coletora de almas.
Apenas mais um acidente numa rodovia...apenas mais um ônibus que se chocou contra uma carreta; apenas mais uma estatísta de feriado.
O noticiário há de realatá-lo como grande tragédia, a Tv há de mostar os corpos... os vídeos correrão a internete
Dois dias depois tudo já estará esquecido.
Basta a Maroca estar na finlândia
Apenas mais uma cena do horror cotidiano.
Salvador, 15 de fevereiro de 2012