A CADEIRA DE BALANÇO

A CADEIRA DE BALANÇO

Ela ficava sempre ali, na cadeira de balanço, fazendo seu crochê. E passava horas assim. Até que entrava correndo sala adentro, sua neta Silvinha. E já se preparava para contar histórias, pois era o que ela sempre pedia.

Com aquela cara de malandrinha ela chegava de mansinho como não quer nada.

- Oi, vó! Tudo bem?

- Tudo bem, querida. O que você quer?

- Conta uma história?

- Qual delas? A do vaga-lume arteiro?

- É.

-Mas já lhe contei um mundo de vezes! Não enjoou, não?

-É a minha favorita.

- Então vou lhe contar. Mas só mais uma vez, tá?

Ela mesma não acreditava, pois sabia que haveria muitas vezes para lhe contar a mesma história.

Com os olhinhos bem vivos, ela pediu:

- Posso chamar minhas amiguinhas para escutar também?

Com toda a paciência do mundo, pois adorava a neta, ela respondia:

-Claro que pode.

E de repente, após um grito, a porta se abria e entrava aquele bando de crianças, que se colocavam em volta da dona Zizi, para ouvir mais uma vez a história.

-Antes de começar – dizia ela – vou mandar a Maria fazer pipoca e chocolate para nós.

A criançada ficava toda alvoroçada de alegria. Era uma festa. E assim ia o resto da tarde, com seu crochê ficando de lado. Avó é avó mesmo, qual criança que não gosta? Faz todos os seus gostos.

Tempos felizes, mas que passa muito rápido. As crianças crescem como Silvinha cresceu, e só ficaram as lembranças. Lágrimas ameaçam descer dos seus olhos quando fica olhando para aquela cadeira de balanço, agora vazia. Quietinha ali no canto.

lmorete
Enviado por lmorete em 04/02/2012
Código do texto: T3480239
Classificação de conteúdo: seguro