Desaparecimento de Seu josé
Desaparecimento de Seu José
Vando
Tarde de domingo, no conjunto Augusto Franco, os jovens vinham chegando da praia. Uns iam para casa, outros ficavam nos bares bebendo cervejas. Casais iam para pousadas, ali existentes. Por outro lado,as pistas que dão acesso ao conjunto estavam bastante movimentadas. No aeroporto que fica próximo, se ouviam barulho de turbina de avião, devido aos pousos e decolagens.
Na avenida Canal 5, homens e mulheres colocavam cadeiras debaixo de árvores ao lado do canal e conversavam sobre os mais diversos assuntos. O conjunto parecia uma pequena cidade do interior, onde todos se conheciam. Dona Maria, antiga moradora do conjunto e conhecida de todos, freqüentadora assídua dos bate papos, naquele dia seu semblante era de preocupação. E perguntava a todos se tinham visto José, seu esposo. A resposta era mesma, não vi, d. Maria. A cada resposta que recebia ela monologava, “Digo a José que não beba, pois já está ficando velho e com duas cervejas fica bêbedo”. Na verdade, seu José tinha saído de manhã, e já era 16:30 não tinha chegado em casa.
O tempo foi passando e nada de José chegar, e ninguém dava informação do seu paradeiro. A preocupação de d. Maria foi aumentando. Foi até a casa de um filho e chorosa contou o que estava acontecendo. O filho ligou para outro irmão, perguntando se sabia do paradeiro do pai, este informou que não sabia. Lá pelas 18:00 horas toda família já estava sabendo do desaparecimento do pai. Seu José como era conhecido, tinha 62 anos, carroceiro trabalhava durante toda a semana, principalmente em frente às casas de Materiais de Construção para pegando frete, e tinha uma boa clientela. Nos domingos gostava de tomar umas e outras, mas no máximo chegava em casa a 13:00h. Entretanto, nesse domingo atrasou e todos ficaram preocupados. Dona Maria começou a ficar desesperada, as filhas e noras davam calmante, as vizinhas foram chegando para consolá-la. As 20:00h a casa já estava cheia de gente. Parecia um velório. Enquanto isso os filhos e netos iam de bar em bar, passaram até no IML e nada de encontrar o pai.
O telefone de casa de d. Maria não parava de tocar, eram os amigos, parentes que moravam em outros bairros e conjuntos querendo saber se seu José já tinha chegado. Até um parente que residia no Interior de Pernambuco ligou, pois recebeu um telefonema de um parente de Aracaju informando o desaparecimento de José. A essa altura era o que se comentava nos bares e mercearias do conjunto. Ele era benquisto no conjunto, todos lamentavam e suponham que tinha havido uma tragédia, talvez tivesse morrido ou assassinado por ladrões. Pedinha também carroceiro e amigo de longa data de José, lamentava e chorava copiosamente.
Os filhos já tinham desistido de procurar, foram até a delegacia informaram o desaparecimento do pai. Voltaram para casa, deixando o caso para ser resolvido pela delegacia especializada, e ficaram aguardando notícia dos policiais. Quando o telefone tocava todos ficavam em suspense, aguardando a pior. D. Maria estava dormindo, pois tinha tomado tranqüilizante. A casa continuava cheia de amigos e curiosos que consolavam a família.
As 22:00, chegou Raimundo neto de seu José, ofegante, dizendo encontrei, encontrei, todos se levantaram para saber da estória. As palavras quase que não saia de tanto emoção e cansaço.Sua tia deu um copo com água, o jovem e descansou um pouco. Quando estava mais calmo, disse: sabe onde vovô estava? Todos responderam “não” “Dormindo na casa Maria Pretinha aquela morena baixa que mora no Barrozinho, na Farolândia, dizem que é rapariga dele”. Com o barulho d. Maria se acordou e ouviu a estória, foi dizendo “ Véio safado ”