UMA HISTÓRIA REAL

Baseado em fatos reais...

O importante era curtir, afinal a vida é curta. Foi pensando assim que Veruska tocou sua história, desde que decidiu mudar depois de uma infância pautada nas escolas dominicais, grupos de dança e louvor da igreja local. Afinal estava com doze anos.

O corpo passava por mudanças. O sentido também. Começava a ouvir elogios dos meninos e de certa forma se sentia bem com o que ouvia. Tais mudanças, traziam também a necessidade de conhecer além da escola, afinal via na televisão um universo completamente diferente e muito mais atraente do que vivia. Havia também a internet e tudo o que ela (web) proporcionava.

Aos poucos, os convites foram influenciando sua relação com a família e as discussões com a mãe, Vânia, tornaram-se freqüentes. Nos estudos, o desinteresse e nas amizades, o interesse. O primeiro beijo não demorou. Logo depois, o segundo, o terceiro... Viu no comportamento das novas amigas, uma forma de vida. "Ficar" passou a ter um novo significado. E a noite também. Passou a se chamar balada, com direito a muitos beijos em muitos rapazes "bonitos". Claro, a mamãe não podia saber, então dormir na casa das amigas com a desculpa de estudar, foi a solução do "problema". Para não levantar suspeita, continuou freqüente na igreja e assim conquistava a confiança da, cansada, Vânia, que se limitava a olhar as atitudes de Veruska como "Coisas da idade".

Veruska, dormia nos cultos e durante as aulas se limitava a olhar o relógio. Já não se envolvia com nada na comunidade que participava, sempre com a desculpa que "não tinha tempo". Alias, na sua opinião aquela gente precisava viver. E viver era curtir.

Uma noite numa roda de colegas, Carol, uma das novas amigas, falava sobre as "aventuras amorosas". Todas se divertiam até que veio a pergunta: "Veruska, você ainda é virgem?". Diante do silencio, todas riram como se tivessem ouvido uma piada. Foi a gota d'agua para ela, que saiu dali disposta a resolver o "problema". E foi na balada seguinte, num carro de um 'ficante" chamado Diogo. Não sentiu o prazer falado pelas colegas. Muito pelo contrário, doeu, sangrou e trouxe um vazio que gerou lágrimas. Pensou no sonhado casamento que um dia idealizara. Porém, logo se "recuperou" e o sexo passou a fazer parte da sua vida. Na internet descobria as posições e práticas mais picantes, e assim também passou a "criar" suas histórias para a turma.

O cuidado era só teórico. A falta do preservativo não era barreira, nem impedimento para o instinto.

Com o "amadurecimento" passou a "controlar" sua vida. A mãe já não falava mais nada. A igreja também não.

As roupas eram cada vez mais insinuantes e a vida cada vez mais curtida... Curtida e curtida...

Hoje, Veruska, olha para o passado. A sensação é que tudo poderia ser diferente. Porém, não pode voltar e o que tem no hoje é algo no sangue, que aos poucos a destrói.

Hoje, não há as "amigas". Ao seu lado, somente a mãe, e a noite, é um misto de dor e solidão.

Hoje, precisa conviver com os muitos remédios e o corpo, ainda jovem, sente o efeito de um tempo que ainda não passou, mas que cobra a dívida do "empréstimo" adiantado.

Hoje, ela sente uma lágrima teimosa rolar no seu rosto, quando um som vindo de um berço lembra que a vida de hoje é fruto das escolhas feitas no ontem.

Só hoje.