Do outro lado
Seu olhar era de quem via um bicho.
Um animal que há muito está livre e talvez por isso olhava assim. Mesmo que ainda nem fosse nascido quando esses tais animais eram domados. Ao seu olhar um pensamento vem; de que nem ele mesmo consegue entender porque pensa, olha e age assim.
Não lembra de ter ouvido nenhuma recomendação clara de seus pais ou avós, referentes a tais animais. Ele pensa, fuça, tenta, mas não consegue achar um raciocínio lógico para esse seu receio. Intrigado e insistente lembra-se de apenas algumas piadas que ouvia de familiares e amigos sobre esse animal. Fica na dúvida se é isso mesmo e chega à conclusão de que só pode ser isso. Lembra de rir e achar graça das piadas e depois com medo ficava, até porque seu pai fazia questão de frisar que toda brincadeira tem um fundo de verdade, assim como toda piada também.
Tomava uma condução para casa quando esses animais entram no mesmo.
Eram pai, mãe, filhos, irmãos, homens e mulheres, porém negros, e era disso que ele tinha medo.