NORMA, A CONCUBINA
Desde o primeiro dia em que a minha mãe conheceu o novo namorado da minha irmã Lenita, ela logo tentou adverti-la que ele não parecia ser um rapaz fiel e confiável. Talvez por viver sempre viajando no seu carro próprio e também por outros modos que ela, usando a sua experiência e intuição, achava que ele fosse muito mulherengo.
A princípio, como a minha irmã já estivesse apaixonada e por isso mesmo já se entregara ao mesmo de corpo e alma, pouco estava se importando com os comentários, as críticas, as advertências maternas. Prova é, que logo deu um jeito de se casar com ele em outra cidade, o que para a boca do povo alcoviteiro, numa cidade pequena como a nossa, era um prato cheio para fofocas e picuinhas. Como por exemplo, "Lenita não era mais moça", "Lenita foi expulsa de casa e casou escondida!" E assim por diante. Calúnias após calúnias. A verdade é que não demorou muito o primeiro filho nasceu.
Considerando que a jovem mãe andasse com a cabeça nas nuvens, no começo teve dificuldade para conciliar as suas atividades domésticas com as que fazia antes do casamento. Sempre extrovertida, inquieta, queria levar uma vida social como se fosse solteira. Pra cima e pra baixa, mas sempre de olho no maridão garanhão. E ela sabia disso. Pois de tanto a minha mãe tentar lhe abrir os olhos, sentiu na pela que ele realmente não era lá um homem que se conformava com um só rabo de saia, não. Por causa desta desconfiança, motivada por ciúmes, muitas brigas aconteciam entre aquele casal. Com o passar do tempo parece até que Lenita já estava se acostumando com as puladas de cerca do Genival. E quando alguma vizinha alcoviteira lhe vinha atazanar com fofocas, ela soltava os cachorros, literalmente:
-Deixa Genival comer quem ele quiser, gente. O importante é que eu sou a matriz; as outras, filiais, para não dizer, galinhas, vagabundas. Pra mim, não trepando na minha cama, não estou nem aí!
Após alguns meses que pariu o primeiro filho, logo Lenita tentou procurar uma empregada para ajudar nos afazeres de casa e olhar também o seu filho. Eis que ela arrumar uma jovem de 15 anos, a Norma. Portadora de um olhar sonso e um corpo de mulher feita. Não demorou nada, o Genival logo cresceu os olhos, o nariz, a boca e o resto do corpo sobre ela. Quem logo alertou a Lenita sobre o perigo que ela trouxera para dentro de casa foi a minha mãe. E já foi direta ao assunto:
-Minha filha, onde você estava com a cabeça para arrumar essa moça para trabalhar na sua casa? Pois se prepara que não vai demorar muito ela estará toda enfeitada!
-Quem? A Norma?
-Não, minha filha, a sua cabeça! Espera só o tempo passar!
Não deu outra. Realmente, é como diz o ditado: "o homem é fogo e a mulher estopa, vem o diabo e assopra!". Pois na primeira oportunidade que ele teve, não perdoou e tirou a virgindade da empregadinha. A qual, não demorou muito, logo apareceu com a barriga crescendo. Mediante este disparate, Lenita, reconheceu que brincara com fogo e a expulsou de sua casa, agindo igual ao marido traído que ao chegar em casa flagra a mulher com o amante no sofá e no dia seguinte toma uma iniciativa drástica: vende o sofá! Assim também fez a Lenita.
O Genival, com a maior cara de pau, cínico como era, só assistia tudo de camarote. Não quis nem saber se quando a criança nascesse se parecia com ele ou não. O seu único castigo foi ficar alguns meses numa abstinência sexual forçada que só Deus sabe! Depois tudo voltou ao normal ou quase!
Joboscan