Memória do inverno
O jardim do esquecimento para sempre poderá ser lembrado quando estarei numa praia distante, nadando sob o sol quente da América do Sul. Mas agora atravesso as pedras de gelo do caminho, pisando algumas vezes na grama úmida com a neve da madrugada fria de mais um inverno, de mais um ano sem verão. Na vida deste invernal trajeto, infernal, seja nas frentes frias do interior ou na chuva à beira-mar, tudo é necessariamente mais frio.
Tive esperanças de reencontros com amigos do Brasil, de amizades com latino-americanos de várias nacionalidades, durante esses anos de estudo forçado. Mas que nada.
Sempre será em vão a tentativa dos imigrantes de se sentir em casa novamente. Apenas durante algumas horas cria-se a ilusão de que é possível reviver tais sensações.
As reações esquentam em algumas reuniões restritas aos melhores aventureiros(as) para logo depois recair abaixo de zero, estas pessoas esfriam com a idade e estas pessoas esfriam esta cidade.
(Québec, Canadá, 1999)