MAIS UM VINHO

Quando sento à mesa de um bar em mais um pôr do sol de boemia, nunca imagino o que vai acontecer naquela noite. Peço meu vinho favorito e começo a observar os mínimos detalhes. Pareço um fotografo, ao invés de escritor, só que as imagens que congelo guardo-as em minha mente.

Esqueço os meus problemas e começo a adentrar no pensamento alheio, vejo aquela menina que senta no banco da praça com seu livro nas mãos dando comida aos pombos, a criança que corre, a mãe que grita, a senhora com seu andar cansado e seu ar flutuante. Diante desses simples acontecimentos, retiro da bolsa minha maior e melhor arma.

Hoje não veio nenhum conto baseado em um ser imaginário tirado daquelas imagens. O personagem principal se tornou eu mesmo. Nu e cru! Poucas vezes escrevo sobre mim e é estranho me ver em algo tão meu.

Me deixei levar, saiu isso aqui, triste...

Nem parece que sou eu, este ser constante e preso a coisa alguma. Pedi mais uma garrafa de vinho, passei da minha conta, mas quero tomá-la quero me descobrir mais...

Acabei confessando alguns segredos que escondia de mim mesmo e agora declaro, ainda que sozinho: essas paginas tão particulares nunca serão publicadas, a menos que atropelem a minha proibição.