BRINCANDO COM ALZHEIMER
As fagulhas do tempo me colocaram de frente a um novo parto; do ventre de minha sai, e ha dois anos me deparo com o Alzheimer, vejo a mulher que me pariu entrar em um processo de regressão, onde conflitos, angustias, dores e medo me fizeram um novo ser, fui lapidada pela vida de forma brusca, e precisei usar as ferramentas certas, descobrir a função de cada uma delas para adaptar-me a uma nova realidade: Ja não era mais filha e sim MÃE.
No mundo desconhecido da mente humana e de sua funcionalidade me perdi...chorei...vi minha mãe morrer aos poucos, a cada dia ela perdia algo de sua consciência. Mas com amor, carinho e dedicação vi o quanto é magico e belo cuidar de alguém com Alzheimer.
Dessa forma aprendi e aprendo a cada dia a BRINCAR, me transporto para esse mundo encantado em que minha mãe estar hoje. La tem tudo de bom: alegrias, risos, gestos que falam mais que palavras; toques que elevam nosso interior, momentos que só vivendo para saber o tamanho de sua grandiosidade, o quanto nos torna mais humanos.
Harmonia e paciência, pontos fundamentais para quem cuida de portadores de demências.
Momentos de angustia ainda tenho, tristeza e dor, mas faz parte do processo da vida, se vivencio tudo isso é por que sei que fui escolhida, e sou grata a Deus por tudo o que vivencio.
Me arrepio quando ouço minha mãe me chamar de MÃE, quando ela sente dores e não saber falar, quando ela sente angustia e não sabe expressar. Com toques e muito carinho, consigo ouvi-la, entender, ler em seu olhos seus desejos, medos, alegrias. E mergulho nesse mundo com a alma procuro tocar a essência dela, dar o melhor que tenho: amor e gratidão, e é maravilho a sinergia que no une, é maravilhoso sentir a paz do Universo...por isso brinco. Brincar significa soltar nossa criança interior e interagir com outra criança, criamos um mundo lúdico, isso alivia o sofrimento.Nos faz rir, e somos embaladas pelas mãos da Vida.