O CAMINHO

Era uma manhã como outra qualquer, eu ia visitar uma família amiga num lugar um tanto distante da cidade. Tive que pegar um ônibus que me deixou na estrada e, de lá teria que caminhar um bom pedaço. Meu amigo me disse que seria como um tirinho de espingarda ou como costuma dizer o matuto é logo ali. Então eu teria que pegar um caminho, que não era uma picada, mas era como uma pequena estrada que dava para uma carroça ou um carro passar. Fui em frente neste caminho, ladeado de árvores, de mato, de capim. O chão era de barro, barro avermelhado que não estava seco devido ao sereno da noite. Fui caminhando olhando as árvores, vendo o capim, olhando aqui e acolá uma pedra bonita, e fui me apercebendo do que estava a minha volta, árvores, arbustos, capim, será que aquele era o capim gordura? De mato não entendo nada, e mesmo as frutas pequenas e pretas que via na estrada para mim pareciam a que chamam de Maria Pretinha. Mas como não sou bobo nem nada não comi nenhuma delas, pois não sabia o que era e para que arriscar. Aqui e ali ouvia uma cigarra, o vento fazia os galhos farfalhar, ouvi o canto de pássaros, senti a brisa no rosto, não era quente nem frio, mas uma temperatura agradável que não dava nem para cansar.

Enchi meus pulmões com aquele ar puro, pois tinha deixado para trás a poluição o barulho, do qual nem lembrava mais, ouvia apenas o silencio do lugar, do momento entrecortado por pássaros, algum zumbido de abelhas ou seriam maribondos, isso não importava.

Caminhando e caminhando minha mente se infantilizou, lembrei-me de historias, de cavalheiros e damas, de dragões e reis, de lutas medievais. E minha mente cedeu, e fiquei me imaginando, naquele caminho caminhando, chegar até um castelo guardado por um dragão que em sua torre tinha uma donzela, dentre todas as mais belas, guardada pelo dragão. E neste meu devaneio, achei-me um cavaleiro montado em meu corcel. De espada empunhada lutaria com o dragão e depois daquela refrega, encontraria a donzela e a levaria ao seu pai, o rei. E este me recompensaria, titulo de cavaleiro me daria, batendo com uma espada em meus ombros. Então eu me casaria com a linda donzela e seriamos felizes para sempre. Felizes para sempre pensei, não haveria velhice, não haveria cicatrizes, apenas o para sempre feliz. E assim fui sonhando, apenas imaginando como seria ser assim, numa historia linda sem fim, como nos contos de fadas, onde a bruxa malvada, nunca irá ser feliz.

E continuei caminhando, quando um barulho agora estranho chegou aos meus ouvidos, era o barulho de carros, na estrada a frente onde meu caminho me levara, aonde eu finalmente chegara, mas que naquele momento confesso, não queria nunca chegar.