a vida insiste em prosseguir.

De repente, pareceu ouvir passos conhecidos, aquele cantarolar de toda manhã. O cheiro do café invadiu o quarto e despertou a memória de suas lembranças. Acordou de súbito. Assustou-se. Levou alguns poucos segundos para situar-se naquele amanhecer.

Pulou da cama e correu à porta, segura que o encontraria lá diante do espelho, a fazer a barba e pentear os cabelos. Deparou-se com o corredor vazio e o espelho, deposto na parede ocre, refletiu a sua própria imagem.

Procurou a porta, pois era para lá que os sentidos atentavam. Pareceu-lhe que ele havia passado por ali pouco tempo antes dela. Deu-se conta de que não era real seus pressentimentos e o sentimento de ausência instalou-se.

Deixou-se cair no chão da sala e as lágrimas formaram uma pequena poça no chão. A saudade preencheu-lhe como uma estaca afiada. Desejara estar com ele, sepultada na terra que tanto amou. Sentiu o calor de uma pequena mão tocar-lhe a nuca. Ouviu aquela voz delicada perguntar: _ Mãe, o que foi?

A despeito do desejo de morte, a vida insistia em prosseguir.

Martes, 00:19, 2011

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 06/12/2011
Código do texto: T3374145
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.