" A FAMÍLIA GONÇALVES" capítulo III último

“A FAMÍLIA GONÇALVES”

Capítulo III E último

Às 8h em ponto, Esmeralda, estava com a mesa pronta para o café da manhã. Curiosa, aguardava os demais para a tal reunião que o patrão iria fazer... Sabia que não era coisa boa...

Dona Marieta acorda também preocupada – Que mudança será essa?- matutava... Quando aparece na copa, Esmeralda esperava-a ansiosa para perguntar-lhe uma coisa que a deixara curiosa:

- Bom dia, dona Marieta! Mal humorada, ela responde:

- Mau dia, isto sim...

- Dona Marieta. Posso lhe perguntar uma coisa?

- O que é?

- Ontem, sem querer, foi sem querer mesmo, eu escutei o meu patrão falando com a senhora que os meninos ficavam forni... forni... Ah, lembrei! Fornicando... Nunca ouvi essa palavra... Que quer dizer hem? Dona Marieta...

- Ó sua bisbilhoteira! Fica escutando atrás das portas! O que ele falou é que ficavam estudando...

- Ah, bom! Pensei que fosse outra coisa...

-Você não tem que pensar nada! Pensa no seu serviço. Se continuar com essa mania, vou mandá-la embora e contrato outra...

- Por favor, dona Marieta, não me mande embora... Prometo que não faço mais!

- Por que está mandando embora a Esmeralda? _ pergunta seu Gonçalves, chegando à copa.

- Não é nada, querido... Eu estava aqui falando pra ela não ficar metendo-se onde não é chamada...

- Nem repita isso! Esmeralda, aqui em casa, é peça chave... Ela será minha parceira para ajudar-me nessa nossa mudança...

Marieta não se continha com tanta preocupação; estava nervosa...

Os meninos, mais relaxados, depois de uma noite de sono, nem sequer imaginavam o que iria acontecer com eles... Outras vezes, o pai tentou chamar-lhes a atenção pelo péssimo rendimento escolar. Contratou, até, um explicador para ajudá-los, porém, pouco adiantou...

- Bom dia pai! Bom dia mãe! Bom dia Esmeralda! _ Chegam à copa os meninos, achando que , facilmente, poderiam driblar o velho (como se referiam ao pai).

- Bom dia a todos! E aí? Estão preparados? - Sim, responderam...

-Em primeiro lugar, vou fazer um pequeno discurso e que todos devem escutar, sem pronunciar uma palavra sequer. Depois, deixarei que falem... Fez uma pausa...

Todos perceberam que não gostei do que vi, ontem, aqui. Não os culpo por tudo... Eu, também, sinto-me responsável pelo que está acontecendo.

Com a minha ânsia de dar a vocês o melhor conforto, dediquei-me demasiadamente às Empresas e deixei para trás o tesouro mais importante, que é a minha família...

Entretanto, sempre imaginei que a minha querida e muito amada Marieta fosse capaz de orientá-los, mas me enganei. Também, não atribuo a culpa só a Ela...

Como vocês sabem, Marieta veio de uma família humilde, casou comigo muito nova. No início do casamento, por ser bem mais velho, eu a mimava muito. Era a minha boneca... Com o correr dos anos, Marieta foi ficando mais mulher, mais vaidosa, o dinheiro lhe subiu a cabeça... Aí, Ela já não ligava para mim, nem para os filhos. Tornou-se uma mulher fútil que só pensa no prazer que o dinheiro proporciona...

O que deveria ser uma mãe feliz, orientando sua filhinha para que não se entregasse tão cedo, aos prazeres da carne e que estudasse e se formasse...

E o Jorginho, também, com aquela mulher bem mais velha e que a gente não sabe quem é, de onde vem e o que faz... Por amar muito a minha família, é que eu programei para nós uma mudança radical!

Agora, quero saber, se posso contar com vocês, inclusive você, Marieta? - Claro...- responderam sem muito entusiasmo...

Quando terminou seu discurso, percebeu que todos tinham lágrimas nos olhos, inclusive a Esmeralda... – Bom sinal! Ele pensou...

É, até que ele foi bonzinho... (pensavam, entre si, achando que a batalha estava vencida) Com um sorriso, todos, disseram que sim, que podia contar com eles...

- Então, já que todos concordaram, que tal tomarmos nosso café. Hum!!! Está cheiroso, só a Esmeralda para fazer este café tão gostoso!...

O café transcorreu num ambiente alegre: cada qual falava dos seus anseios, dos sonhos futuros e das frustrações, também. Só Esmeralda ficou num cantinho, calada, tão jururu... – Será que eu, também, entro nessa mudança?

- Claro! Esmeralda, você principalmente!...

Agora, Seu Gonçalves estava pronto para a parte mais negra do seu plano:

Então, programei para o Jorginho: ele vai trabalhar na Empresa pela manhã e estudar à noite. À tarde, aproveitará para passar os trabalhos escolares.

Meu sócio Rubens e os gerentes estarão à disposição para ensinar-lhe o serviço. Vai começar pela parte operacional, isto é, providenciar o material que vai ser entregue pelos caminhões. Tudo contado e pesado, areia, pedra, tijolo, etc...

Quanto à Julia, como estuda à tarde irá, com Marieta, para a cozinha, de manhã aprender a cozinhar, lavar roupa e tudo o mais que uma dona de casa faz...E Marieta , à tarde, vai aprender a passar roupa...

- E eu?... Reclamou a Esmeralda.

- Você é quem vai ensiná-las!

- Vai ser pra mim, um prazer, patrão!

- Muito bem! Agora, quem quer falar?

- Eu, pai, quero saber: a gente vai poder namorar?

-Depende... Se você ama aquela mulher e pretende continuar com ela, não lhe darei a minha bênção. Já mandei investigar a vida dela e descobri que tem dois filhos que não cria. Abandonou-os na casa dos avós paternos. Agora, você escolhe, se ficar com ela, será somente, aos domingos, à tardinha, porque pela manhã, iremos todos, passear pelos pontos turísticos do Rio, lugares estes, que eu, mesmo, nunca pude visitar...

Jorginho ficou calado, não tinha como argumentar...

- E eu, pai, com o meu namorado? Perguntou a Julinha...

- Vai ser a mesma coisa: só aos domingos à noitinha... E não mais no quarto!

Marieta foi a que mais chiou...

- Quer dizer, Elcio, que não vou mais sair, para as minhas comprinhas?

- Não, Marieta. As compras, faremos, sempre, juntos, porque só eu terei o cartão de crédito. E tem mais, não trabalho mais, só irei à Empresa uma vez por semana, para acompanhar o andamento...

Passaram-se seis meses: Jorginho, quando soube do passado de Silvana, tratou de desmanchar o namoro, temendo que pudesse ser enganado por ela e, quem sabe, aos dezoito anos vir a ser pai de um filho dela?... Silvana ainda tentou apelar para Marieta, mas esta, vigiada dia e noite pelo marido, não pode ajudá-la.

A Julinha ficou chupando o dedo, chorosa, porque quem deu o fora foi, mesmo o Ronaldo, quando viu que não tinha mais o docinho dele...

Marieta, aos poucos, foi acostumando-se com a nova vida. Sabendo que a Empresa estava no vermelho, foi maneirando nos gastos...

- Querido! Estou feia né? Não faço mais o cabelo, nem as unhas. Tô parecendo uma velha...

- Não, Marieta! Você está tão linda quanto quando nos casamos. Naquela época, sua beleza era natural e foi assim que me apaixonei... Então, querida, foi muito grande o castigo?

- Não, amor! No princípio, sofri um pouco, mas hoje, sou a mulher mais feliz do mundo porque tenho, também, o melhor marido do mundo!

Dez anos depois...

Jorginho, formado em Administração de Empresa, está casado com Marília, filha de Rubens. Bem casado, tem dois filhinhos (um casal). Esforçado no trabalho, assumiu o controle da Empresa, no lugar do Pai.

Julinha, por ser amante dos bichos, optou por veterinária. Na Faculdade, conheceu Eduardo e com ele se casou, assim que se formaram. Hoje, vivem felizes, dedicadíssimos aos seus bichinhos de estimação, que chamam de “nossos filhinhos”... E à profissão, também, é claro!

Época de Natal...

Gonçalves vai, com a família conhecer a nova Arvore de Natal, da Lagoa. Lá, encontra Rubens, que agora já faz parte da família por ser sogro de Jorginho e avô dos seus netinhos, também.

- Ô amigão! Você por aqui... Que bom te encontrar!

- Ah! Eu soube que vocês viriam aqui, dei uma fugidinha pra ver meus netos. Estava louco de saudades... Ah! Como são lindos e espertos! E vocês, também, que família linda!

- É amigo, o que a gente não faz por amor? Se não amasse a minha família, talvez eu tivesse desistido...

- Eu cheguei a pensar nisso, mas sempre acreditei que você conseguiria. Você foi um herói!

- “O AMOR FAZ MILAGRES”, meu amigo...

FIM

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 29/11/2011
Reeditado em 29/11/2011
Código do texto: T3362257