UM DIA NO RIACHO

Década de 60...

La ia àquele menino com pouco mais de seis anos, de camisa aberta na frente, calça curta, botina e chapéu de couro. Seguia pela trilha do caminho acompanhando os passos da sua mãe em direção ao riacho.

Sobre o seu chapéu, uma rodilha onde apoiava uma bacia de roupa suja.

O trajeto não era muito longo, quase dois kms, mas o bastante para ele se sentir cansado, principalmente pela hora em que sempre fazia o percurso, pouco antes do meio dia e o caminho tinha boa parte coberto por um areão que dificultava bastante suas passadas.

O riacho com suas águas calmas e cristalina de cor parda, serpenteava a região ladeado pelas suas matas ciliares compostas por arvoredos gigantescos – jatobás, paujeus, etc, habitados por uma variedades de pássaros, entre eles o João-de-barro, que tornava o lugar ainda mais alegre e gostoso. Era uma paisagem verdejante com um ar de frescor em meio àquela paisagem um pouco árida.

A fonte era na verdade uma servidão, onde os pequenos agricultores da redondeza iam pegar água para o seu consumo e também levar suas criações para dar de beber.

Sua mãe uma mulher de personalidade forte, decidida, rigorosa na educação dos filhos, trazia no seu entendimento que os filhos tinham obrigação de ajudar os pais na lida diária e por assim ser, tinha que começar logo cedo a ter suas responsabilidades. Vestia uma blusa de manga comprida para se proteger do sol e sobre sua cabeça, um chapéu de palha de abas largas.

Ao chegar no riacho, pegava um banquinho de madeira devidamente deixado às escondidas na vegetação e o colocava dentro da água. Sentava-se e ali sob o sol quase sempre escaldante ia ensaboando e esfregando as roupas em meio à abundância da água corrente. À medida que as roupas iam sendo ensaboadas ele as estendia sobre a areia para quarar.

Enquanto aguardava o momento de pegar a roupa e levar de volta para sua mãe ele se protegia do sol sob às sombras dos arvoredos e ao som da sinfonia dos João-de-barro.

Muito das vezes ele deitava na relva de barriga pra cima e ficava a olhar as nuvens e ao mesmo tempo apreciava também as pequenas flores que desprendia dos galhos das árvores e desciam girando feito corrupio em câmara lenta, tocadas pela brisa mansa, lembrando o pouso de um helicóptero. Embora ele nunca tivesse visto um avião de perto – apenas os que cruzavam o céu, muito menos um helicóptero, mas ele achava interessantíssimo àquelas pequenas florzinhas descerem tão mimosamente daquele jeito. Era algo muito singelo, mas quando a brisa era mais forte, salpicava o ar de inúmeras florzinhas, proporcionando um espetáculo de rara beleza e o deixava encantado.

Com toda sua inocência e pureza, ficava ali a sonhar os seus mais lindos sonhos de criança...sonhos esses, que só era interrompido pela voz da sua mãe o chamando para pegar as roupas novamente.

O seu mundo se resumia apenas naquelas paragens... mas os sonhos de amor, apesar de ainda ser uma criança, já povoavam sua alma...

Menino Sonhador
Enviado por Menino Sonhador em 28/11/2011
Reeditado em 11/01/2013
Código do texto: T3362069
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