O Re do Encontrar
Ele era um homem bonito e fazia sucesso com as mulheres. Seu coração já estava tomado por um sentimento que ele imaginava ser amor. Então ele traçou estratégias, percorreu tortuosos caminhos.Perdeu algumas batalhas e venceu outras. Sorriu, chorou inconformado por seu destino e arrancou-se. Saiu na marra daquilo e pegou o caminho de volta. Primeiro sentiu-se abatido, derrotado. Mais adiante, depois de algumas curvas e noites dormidas no improviso da comiseração alheia, ficou mais animado com a idéia da volta. Com o reencontro tudo e o mais que ele havia considerado seu. Sua casa, sua historia. Nesse ponto do caminho, começa a imaginar como estariam as pessoas da cidade, as desculpas que ele teria que dar e engendra estórias, cria situações e sorri. Diverte-se com todas as coisas...
A manha ia pelo meio quando chega a rua da casa de Maria. A casa estava quase exatamente como antes. Fora pintada, as portas exibiam a nova cor em contraste com brancas paredes. Ao se aproximar mais um pouco, viu que havia roupa ao sol, denunciando a velha rotina. Mais próximo, sente o cheiro da comida e então ele percebe a que distancia esteve de sua vida. Maria sai pela porta dos fundos, com uma peneira apoiada na cintura a jogar milho pras galinhas. Ele então olha e, emocionado, percebe o quão vazias estão suas mãos. Ele chora. Olha ao redor e vê uma rosa. Um botão de rosa amarela. O primeiro da roseira. Ele o colhe sem ser visto. E Maria la, entrando de novo em casa, ocupada com as coisas do lar. Ele entra sorrateiramente pelas suas costas e estende-lhe a flor. Ela analisa primeiro a visão daquele botão e vira-se lentamente. Seus olhos encontram os dele. Ela pega a rosa amarela, sem tirar seus olhos dos dele. No entendimento mudo, Maria arranca uma a uma, displicentemente, todas as pétalas da primeira rosa amarela da estação.